REVELANDO O MUNICÍPIO DE CARAVELAS
(release)
VIAJANDO PELO CONHECIMENTO
O QUE SÃO "POVOADOS"
Um POVOADO é uma povoação constituída por poucas casas, ou seja, uma pequena povoação. É geralmente um assentamento humano rural que é demasiado pequeno para ser considerado uma aldeia, embora por vezes o termo é usado para um tipo diferente de comunidade. Outra caractersística que distingue os povoados das aldeias é o fato de nas aldeias as construções se articularem de modo a constituir vias de comunicação (ruas), enquanto que nos povoados as construções estão geralmente circundadas de uma parcela rural.
Em alguns países, são chamados de "hamlets" que são assentamentos humanos sem personalidade jurídica dentro de vilas. Os povoados geralmente não são pessoas jurídicas e não têm qualquer funcionário do governo local ou limites. A sua proximidade local, no entanto será frequentemente notada na sinalização rodoviária.
Um povoado geralmente depende da cidade que a contém para serviços municipais e do governo. Um povoado poderia ser descrito como as zonas rurais ou suburbanas equivalente a um bairro de uma cidade ou aldeia. A área de um povoado pode não ser exatamente definida e pode simplesmente ser contida dentro do código postal do seu correio, ou pode ser definida pela sua escola ou bombeiro do distrito.
Alguns povoados próximos às áreas urbanas são, por vezes, contínuos com as suas cidades e parecem ser bairros, mas eles ainda estão sob a jurisdição da vila. Alguns povoados - por exemplo, são mais populosos do que algumas cidades incorporadas no estado.
Poderia ser também designado de Vila.
- BARRA DE CARAVELAS
- FERRAZNÓPOLIS
- VOLTA MIÚDA
- MATO VERDE
- RANCHO ALEGRE
- NOVA TRIBUNA
- COMUNIDADE DO CASSURUBÁ
- COMUNIDADE DAS PEROBAS
- COMUNIDADE DA JABURUNA
- COMUNIDADE DO PADRE
- COMUNIDADE DO MASSANGANO
- COMUNIDADES DO CARIBÊ
- COMUNIDADE DO DENDÊ
- COMUNIDADE DO PONTAL DO SUL
- COMUNIDADE DA PONTA DA BALEIA
- COMUNIDADE DOS COQUEIROS
O QUE SÃO "DISTRITOS"
Igreja Nossa Senhora de Lourdes - Distrito de Ponta de Areia |
Os DISTRITOS são territórios em que se subdividem os municípios, e costumam se subdividir em bairros. Os distritos dispõem obrigatoriamente de cartórios de ofícios de registro civil e, nos municípios maiores, podem sediar subprefeituras ou administrações regionais. Os distritos, na legislação brasileira, sucedem as antigas freguesias do Brasil Colônia, ainda presentes na divisão territorial
Os distritos são submetidos ao poder da prefeitura. Em muitos municípios, estes possuem pouca importância, e às vezes, como no caso do Rio de Janeiro, nem mesmo existem (distrito único). Normalmente um município só se subdivide em mais de um distrito quando dentro dele existem povoamentos expressivos em termos populacionais, mas que estão afastados da área urbana principal. Em geral estes distritos, enquanto não forem integrados pelo crescimento natural da cidade, tendem a querer se transformar em novos municípios. Os bairros são subdivisões praticamente universais, e muito embora possam ser considerados análogos às freguesias portuguesas, quase sempre têm papel cultural e de localização geográfica, sendo politicamente nulos. Em todo caso, seja como for efetuada a administração municipal, o poder político executivo é exclusivamente do prefeito, sendo todos os outros auxiliares de sua indicação (cargos de confiança).
No Brasil existe ainda o Distrito Federal, onde localiza-se a capital federal, Brasília. Este é uma exceção, pois apesar do nome, na verdade não é uma subdivisão municipal, mas uma Unidade da Federação(análogo aos Estados, porém não leva este nome). O Distrito Federal também é uma exceção no sentido de que enquanto UF, oficialmente não se subdivide em municípios, porém além de Brasília considera-se que existam várias cidades, e estas subdivisões são chamadas Regiões Administrativas.
Existe também o distrito estadual de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Este distrito, assim como o DF, também não corresponde à definição geral de distrito, aqui apresentada.
Pode acontecer e é relativamente aceitável por questões organizacionais que alguns Povoados pertençam administrativamente aos Distritos mais próximos, como nos casos de FERRAZNÓPOLIS (Povoado do Município de Caravelas) onde sua administração é agregada ao Distrito de Santo Antonio de Barcelona; VOLTA MIÚDA, NOVA ESPERANÇA, COMUNIDADE DO MATO VERDE pertencem ao Distrito de Juerana. O Município de Caravelas possui em sua estrutura 3 (três) Distritos Administrativos (JUERANA, PONTA DE AREIA e SANTO ANTONIO DE BARCELONA) e 20 (vinte) POVOADOS que encontram-se distribuídos entre a Zona Rural e Região Ribeirinha.
- PONTA DE AREIA
- JUERANA
- SANTO ANTONIO DE BARCELONA
O Distrito de Santo Antonio de Barcelona
teve seu início administrativo a partir da gestão do prefeito
Benedito Costa.
A igreja Assembleia de Deus é a representatividade
religiosa mais antiga do lugar. Seu fundador Antonio Barbosa Lula
(conhecido por Antonio Salvino faleceu há mais de 5 anos)
a mais antiga igreja de Barcelona
um dos primeiros moradores de Barcelona - Sr. Antonio Siluca
atual rio Barcelona
vista das primeiras casas construídas em Barcelona - cidade baixa
primeira rua de Barcelona (Rua Macêdo Cordeiro)
escritura da primeira casa de Barcelona -
Sr. Antonio Siluca - adquirida por 5 mil contos de réis
Sr. Antonio Siluca mostrando a
primeira Rua de Barcelona - conforme documentos
CONHECENDO A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE CARAVELAS
DISTRITO DE PONTA DE AREIA
Igreja Nossa Senhora Imaculada Conceição
Ponta de Areia
(homenagem ao pai do cantor Milton Nascimento,
que foi maquinista da E.F.B.M. em Ponta de Areia)
“Ponta de Areia, ponto final
da Bahia, Minas, estrada natural.
Que ligava Minas ao porto,
ao mar. Caminho do ferro,
Mandaram arrancar.
Velho maquinista com seu bonél
lembra o povo alegre
Que vinha cortejar
Maria Fumaça não canta mais
Para moças, flores, janelas e quintais
Na praça vazia um grito um ai,
Casas esquecidas, viúvas nos portais”.
Que ligava Minas ao porto,
ao mar. Caminho do ferro,
Mandaram arrancar.
Velho maquinista com seu bonél
lembra o povo alegre
Que vinha cortejar
Maria Fumaça não canta mais
Para moças, flores, janelas e quintais
Na praça vazia um grito um ai,
Casas esquecidas, viúvas nos portais”.
Em meados da segunda metade do século XIX já podemos notar a Ampliação das Divisas Externas através do café, podendo o Brasil, importar todo tipo de produto, principalmente aqueles que atendessem ao nascente setor industrial e de transporte (ferrovias); a Urbanização que se dinamizou graças a imigração e ao crescimento do comércio e das indústrias
do Centro-Sul do Brasil; Implantação de Infraestrutura Comercial-Financeira para atender a todas essas transformações, como bancos, serviços de importação e exportação e transportes marítimo e ferroviário. Era realmente um quadro bastante favorável para os investimentos ingleses no Brasil.
Nesse quadro de transformações da economia brasileira, tivemos a atuação de um grande investidor e grande empreendedor: Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Ele foi um dos grandes responsáveis pela dinamização de vários setores da economia, atraindo pesadas quantias de capital estrangeiro para o país. A primeira estrada de ferro foi construída em 1854 com influência de Mauá. Batizada de Estrada de Ferro Pedro II, ligava as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis.
Quase todas as ferrovias criadas no Brasil foram determinadas pelo intuito exportador e não de integração entre diversas regiões. Curiosamente, essa última necessidade se fará bem mais adiante, em meados do século XX, através de rodovias que serão implantadas em detrimento das ferrovias.
A criação da BAHIA - MINAS não está diretamente ligada à exportação do café. Entretanto, insere-se nesse contexto de “modernização” e diversificação de nossa economia, proporcionadas por esse produto.
Os documentos existentes sobre esse tema nos mostram que, o Engº Miguel de Teive e Argolo, provavelmente imbuídos pela onda de modernização que envolvia as camadas médias e a nascente burguesia do país, buscava a materialização de um sonho pretensioso: a construção de uma estrada de ferro interoceânica, ligando o Atlântico ao Pacífico. Entre outros locais, Argolo escolheu como ponto de partida, a cidade de Caravelas, portadora de um estratégico porto no Atlântico, no Extremo Sul Baiano. O engenheiro havia recebido da Assembleia Provincial de Minas em 1878, concessão para a implantação de uma estrada de ferro ligando Filadélfia-MG (hoje Teófilo Otoni) à divisa com a Província da Bahia. Um ano depois, a Assembleia Provincial da Bahia lhe dá a concessão para o mesmo objetivo, da divisa com Minas Gerais até o litoral, em Caravelas.
O engenheiro Miguel de Teive e Argolo necessitando de construir uma Estrada de Ferro adquiriu um terreno pela quantia de 150 mil réis, isto no ano de 1880 de propriedade de Antônio dos Coqueiros. Na escritura de compra e venda do referido terreno, o engenheiro declarou que tirando a parte para a construção da Ferrovia, como bem suas dependências, as oficinas, almoxarifado, a Estação, casas para moradia dos funcionários, um chalet para residência da Diretoria, casas para os trabalhadores de turma, que o restante do terreno seria doado à Prefeitura Municipal para instalação de uma cidade, que no presente é este Distrito de Ponta de Areia. A Empresa se constituiu sob o nome de Empresa Estrada de Ferro Bahia e Minas e, já no dia 16 de Maio de 1881, a Ex.ma. Senhora esposa do referido engenheiro, solenemente deu o primeiro golpe de martelo, pregando o primeiro trilho da Estrada, prosseguindo em ritmo acelerado a construção da referida Ferrovia, já no dia 9 de Novembro de 1882 foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Bahia e Minas, partindo um trem especial as 7 horas da manhã da garagem da Estação Central, em Ponta de Areia, chegando na estação de Aimorés há 142 quilômetros tendo o referido trem ali chegado às 10 horas e 30 minutos.
Prosseguindo a construção da estrada de ferro, anos depois a mesma alcançou a Estação de Arassuahy com 578 quilômetros. Os trens partiam da Estação de Ponta de Areia, passavam pelas estações de Caravelas – Aparaju – Taquari – Juerana – Cândido Mariano – Helvécia – Posto Quilômetro 87 – Posto da Mata – Argolo – Aymorés – Artur Castilho (ex 158) – Nanuque (ex Presidente Bueno) – Mairinque – Posto Quilômetro 203 – Pampam – Xarqueada – Carlos Chagas – Posto Quilômetro 243 – Presidente Pena – Mangalô – Francisco Sá – Bias Fortes – São João – Pedro Verciane – Teófilo Otoni – Valão – Sucenga – Caporanga – Ladainha – Brejinho – Queixada – Engenheiro Schinoor – Novo Cruzeiro – Alfredo Graça e Arassuahy. Foram empresários na construção da referida Ferrovia, os engenheiros Miguel de Teive e Argolo, e mais os engenheiros Dr. Carlos Teodoro de Bustamante, Dr. Francisco de Paula Alvim, Dr. José Pereira da Rocha Paranhos, Dr. Artur Rios, Dr. Silveira Lôbo, Dr. Artur Saraiva, Dr. Ernesto Bulhões.
O distrito de Ponta de Areia, possuía uma Banda de Música, intitulada de 15 de Novembro, composta exclusivamente de Ferroviários, uma Farmácia da referida ferrovia e uma outra particular, Agência dos Correios, sede do Sindicato dos Ferroviários fundado em 1933, Sindicato dos Arrumadores, Sociedade Recreativa Desportiva Bahia e Minas, fundada em 4 de Outubro de 1947 pelos ferroviários, uma Cooperativa de Consumo dos Ferroviários, dois grandes times de futebol, sendo o Bahia e Minas e o Sindicato.
No ano de 1940, a diretoria da Estrada da Ferrovia instalou escolas de alfabetização ao longo de toda Ferrovia, cabendo a Ponta de Areia a instalação de uma escola de alfabetização e outra de Corte e Costura, existiam 4 Padarias, Casas comerciais dos Srs. Evaristo Mário dos Santos, Luiz Alves, Manoel de Souza Pimenta, Adelmo Mascarenhas, Terencio Batista, Otávio Dias, Gonçalo de Almeida Machado, Benigno Bento Ferreira, Guimarães de tal, Tião Fonseca, Fernando de Souza, João Moraes e tantos outros pequenos negociantes, possuiu ainda a Companhia de Navegação “PRATES E CIA.” A Cia. de Navegação Costeira, cujo agente foi José Augusto Almeida, recebia navios brasileiros e estrangeiros, os quais traziam locomotivas, vagões, pranchas e trilhos para a estrada de ferro, chegava grande número de barcos a vela conduzindo sal em grande quantidade que aqui eram descarregados e embarcados nos vagões e transportados pela Estrada de Ferro para diversas cidades mineiras; de Minas desciam café, madeira bruta e serrada, para embarque nos navios com destino ao Rio de Janeiro. Ponta de Areia tinha ainda Coletoria Estadual e Federal.
Enquanto o Império brasileiro começava a despencar, perdendo o apoio dos militares, dos cafeicultores e da Igreja, sem condições de combater a onda republicana e as fugas constantes dos negros escravos com o apoio dos abolicionistas, a gloriosa POJICHÁ, primeira locomotiva dos caminhos de ferro da Bahia e Minas, apitava pelo sertão nos seus 45 km/h. Essa locomotiva encontra-se hoje em Teófilo Otoni-MG.
Havia um ramal de 4 km entre Ponta de Areia e Caravelas, sede do município e onde outro porto dinamizava a economia local. Os portos de Ponta de Areia e Caravelas recebiam todo tipo de mercadoria possível para penetrar sertão adentro ou ganhar mares mais distantes.
A base dessas mercadorias eram o sal, levado para o interior, a madeira e o café, que partiam mar afora. Na realidade o comércio ganhou tremendo impulso, pois durante muitos anos tudo aquilo que Minas necessitava e que não produzia, de alfinetes a máquinas pesadas chegava pela Bahia e Minas. Consequentemente, a economia agrícola da região por ela passou a sofrer modificações com o comércio gerado pela ferrovia.
“...Caravelas e Ponta de Areia representou muito para essa região em termos comerciais...Foi um ponto importante entre o Norte e o Sul do país. Todos os navios que faziam esse trajeto por aqui principalmente os do Loydd...” (Moacyr Siquara).
Entretanto, nem tudo era essa luminosidade comercial. O trabalho duro, diário, dos funcionários da Estrada era desanimador. Hugo Henriqueta com seu olhar matuto e carinhoso, com jeito exótico da mistura africana/alemã, ao lado da mulher Vicentina, nos relata pausadamente com um tom irônico de quem conhece bem a história da vida, o cotidiano dos trabalhadores “bombeiros e “ garimpeiros” da EFBM.
No ano de 1922, a saudosa Dra. Minervina Paiva, mãe do Diretor da Estrada Dr. Argemiro Paiva, com o apoio da saudosa profª Alda Nunes deu início a campanha para construção da Igreja, para tanto contribuíram os ferroviários, os madeireiros e o povo em geral aos sábados e domingos; tinha barraquinhas com jogos e leilões, graças a isto e a Deus, no dia 15 de Agosto de 1928 foi solenemente inaugurada esta imponente Igreja que tem a excelsa imagem da virgem Nossa Senhora de Lourdes como padroeira de Ponta de Areia. O povo rende gratidão ao seu construtor: Artur de Freitas Santana, às senhoras pioneiras: Minervina Paiva, Alda Nunes Santos, Alda Alcântara Machado, Alferinda Alcântara Santos, Maria Rosa Sá Rodrigues, Alice Carvalho Moreira e aos diletos funcionários da Estrada de Ferro Bahia e Minas que contribuíram com recursos financeiros, os quais já vinham devidamente descontados nos seus contracheques e repassados à comissão organizadora para construção da igreja.
O carnaval aqui era uma verdadeira maravilha, com vários cordões e batucadas.
O governo passa a adotar a política do rodoviarismo em detrimento das ferrovias. Essas mudanças poderiam ter sido equilibradas. No entanto, equilíbrio é um conceito um tanto quanto obscuro para os governos brasileiros.
Apesar de a Rede Ferroviária Federal ter sido criada em 1957, visando a remodelação e ampliação do parque ferroviário brasileiro, em 1961 veio o golpe final à maioria das estradas de ferro brasileiras: “supressão dos ramais ferroviários antieconômicos”, eliminando cerca de 10 mil km de trilhos.
E assim...”MARIA FUMAÇA NÃO CANTA MAIS PARA MOÇAS, FLORES, JANELAS E QUINTAIS...”
No governo de Jânio Quadros, o ministro Juarez Távora incluiu a ESTRADA DE FERRO BAHIA - MINAS na relação dos ramais antieconômicos e, mais tarde, já no governo militar, em 1965, deixa de existir. Muitos moradores da região protestaram e afirmaram que ela não era um ramal (pequeno trecho), e sim, uma estrada que liga dois Estados da União com 578 km.
No ano de 1966, mãos criminosas vieram a mando de políticos degenerados e arrancaram os trilhos e máquinas da saudosa Estrada de Ferro Bahia e Minas, deixando tudo arrasado em completo abandono, ficando deste modo este Distrito de Ponta de Areia, somente a saudade do que foi no passado e o que é no presente, “UM LUGAR DE DESCANSO PARA APOSENTADOS DE TODAS AS CLASSES”.
Já no final da década de 20, Washington Luis governava São Paulo com o lema: “governar é abrir estradas” e, na década de 50 Juscelino Kubitschek promove a implantação da indústria automobilística, vindas dos países desenvolvidos. O transporte rodoviário se fixa em nosso território e hoje é responsável pela carga transportada.
A topografia da área que deu origem à Ponta de Areia, é explicitamente plana, banhada por um braço de mar e o Riacho Morobá que desemboca no mar.
A situação demográfica da época, era de aproximadamente 3 mil habitantes. Sua população era composta de várias pessoas vindas de toda parte do país, resultando da implantação de profissionais para atender às exigências da manutenção da ferrovia. As classes trabalhistas assim se dividiam: os trabalhadores operários das oficinas da ferrovia, almoxarifado, tráfego, escritórios e na direção da E.F.B.M., os trabalhadores dos embarques de madeira e mercadorias dos estivadores e carregadores pertencentes e coordenados pelos sindicatos e a outra parte se dedicava à pescaria, importante fonte econômica dessa época.
Em algumas propriedades rurais se industrializam a carne bovina, exportando charque, leite, queijo, requeijão, manteiga, etc. Havia também os que se dedicavam ao trabalho das pedreiras. Muitos moradores vindos de outros lugares aqui fizeram morada e partiam em busca do corte de madeira, devastando as super abundantes matas às margens desta estrada, as quais eram beneficiadas nas inúmeras serrarias como: Brasilholanda (Nanuque), Xamenetz (Serra dos Aymorés), Adolfo Sá e Cia e outras grandes empresas que pela região se instalaram.
Nesse tempo não havia no Brasil estradas de rodagem. O vale do Mucuri continuava um imenso país desconhecido. Daí a razão da importância da Estrada de Ferro Bahia - Minas para a região.
As fartas pastagens, as matas opulentas que margeavam a Estrada de Ferro, abriram fazendas, café e cana-de-açúcar, montaram engenhos, serrarias, olarias, que foi valorizando essa região, podendo o seu povo escoar a sua produção agrícola, assim como madeira bruta, madeira serrada e transformada em tacos altamente aceitados nas grandes capitais, inclusive no estrangeiro.
A extinção da E.F.B.M. se deu em 1966 por um decreto da Presidência da República, tendo como Ministro dos Transportes o General Juarez Távora, que expôs o seguinte motivo:
desmatamento das margens sem a preocupação do plantio;
abertura da rodovia Rio-Bahia (o mais provável) e outras rodovias;
a madeira bruta passou a ser trazida de grandes distancias em veículos motorizados, aumentando os custos;
a madeira bruta passou a ser trazida de grandes distancias em veículos motorizados, aumentando os custos;
a falta de manutenção e recuperação das locomotivas, pranchas, vagões, etc.;
o encarecimento do frete, devido ao combustível gasto, em alta escala, pelas locomotivas;
o fechamento das grandes serrarias.
A situação dos povoados que margeavam a E.F.B.M. e que não tiveram acesso direto às estradas de rodagem, tornou-se grave, causando-lhes inúmeros prejuízos aos pequenos lavradores da região.
Sofreram e sentiram bastante o impacto: Caravelas, Ponta de Areia, Helvécia, Juerana..., sendo uma das grandes consequências a paralisação do porto e consequentemente o fechamento do Sindicato dos Estivadores e dos Arrumadores, que tinham suas sobrevivências ligadas ao funcionamento do porto. Centenas de famílias se deslocaram para outras cidades, como: Belo Horizonte, Betim, Divinópolis, Araxá, Ibiá, Lavras e outras que eram servidas pela rede ferroviária.
Com a paralisação dos portos e da ferrovia, os Estivadores e Sindicalizados passaram a se dedicar ao carregamento de água em animais, exploração do pescado e pequenas lavouras. No entanto seus moradores não tomaram nenhuma providência de protesto, aceitando com muito sofrimento a sentença que o destino lhes reservou.
Um dos grandes marcos da Bahia – Minas que lembra a passagem desta estrada em Ponta de Areia é sem dúvida a Igreja, consagrada à Nossa Senhora de Lourdes e não fosse a destruição “a Estação Ferroviária”, a segunda mais bela do Brasil, onde a primeira fica no Rio de Janeiro, conservada até os dias atuais. Com o empenho de senhoras junto ao Diretor e demais engenheiros chefes da E.F.B.M., foi iniciada a sua obra em 1921, com a colaboração financeira e mão de obra dos operários. Este templo católico foi projetado e executado no dia 15 de agosto de 1928, quando solenemente inaugurado.
Assim surgiu esta ligação de gratidão e amizade com os ferroviários aposentados e pensionistas da Estrada de Ferro Bahia e Minas.
A última viagem do trem (azul) foi levando as cinzas de Teófilo Otoni, para a sua cidade natal, que tem o seu nome em Minas Gerais. Nunca mais ele voltou.!
Em 22 de setembro de 1962, é criado em Ponta de Areia, o Grupo de Escoteiros Caiapós (literalmente, o nome dado é referência ao grupo de índios, que dominavam os sertões compreendidos entre as cabeceiras do Araguaia e a bacia superior do Paraná e o Xingu, ao norte do Rio Tapirapé) com o número 026 na região sul da Bahia, sob o comando do escoteiro chefe – Benedito Pereira Filho (Dico, residiu por muitos anos em Ponta de Areia). “...Éramos valentes como Caiapós, e que era preciso se ter muita coragem e bastante disciplina para ser um escoteiro.” – diz o ex-escoteiro Sr. Jaques Gomes Barreto _tio Jéck (carinhosamente conhecido).
Em 23 de abril de 2003, Ponta de Areia, passou a vislumbrar outra alternativa de progresso, nas mesmas proporções ou aquém das já vividas, oferecido pela empresa Aracruz Celulose S/A, atual SUZANO CELULOSE, com a inauguração do Terminal de Barcaças Luciano Villas Boas Machado, certamente fazendo relembrar na mesma proporção, o tempo da estrada de caminhos de ferro.
Não se pode negar as vantagens que o surgimento da EFBM trouxe à região sobre a forma de comércio de madeira e outros produtos. Mas há que se atribuir a ela, também, o auxílio no desmatamento.
Naquela época, final do século XIX, com exceção das clareiras naturais, todo o trecho que a Bahia e Minas percorria era coberto por extensas e cerradas matas.
Muitos outros índios foram mortos por representarem perigo aos novos ocupantes da região. Esses índios eram, em sua maioria, descendentes dos botocudos, ferocíssimos e muitos eram antropófagos.
Com a diminuição dos indígenas, mais áreas se destinaram a pastagens e plantações.
A ação dos madeireiros na região, nas décadas de 60 e 70 também contribuiu para o desmatamento da região Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo. Essas áreas foram utilizadas, a partir de meados da década de 70, para o plantio de eucalipto que hoje, praticamente domina toda a paisagem da região.
No período da instalação da estrada, o trecho da região de Nanuque e Aymorés tinha sete variedades de jacarandá, ipê, várias espécies de peroba, sucupira, jequitibá, angico, mirueira, pau-brasil, entre muitas outras.
Plantas medicinais também eram abundantes e certamente como em outras áreas do Brasil, muitas foram extintas antes de serem conhecidas. As mais comuns eram o angico, alfavaca, capim-da-lapa, carrapicho, quebra-pedra, fedegoso, malva, língua de vaca, melão-de-São Caetano, mastruço, levanta-caveira e outras, lembrando sempre que estes são nomes populares, podendo ser conhecidos em outras localidades sob outras denominações.
A fauna era riquíssima. Haviam muitos mutuns, aracuãs, papagaios de diversas variedades, acauãs, gaviões, juritis, macacos, jacus, inhambús, saracuras, sabelês e outras tantas aves.
Haviam também tatus (inclusive o tatu canastra, em extinção), pacas, cotias, antas, veados, catetos (porco selvagem), gatos do mato, onças-pintadas, suçuaranas, macacos, diversas espécies de cobras e outros.
É o preço a ser pago pelo progresso.
Em última análise, os homens e suas serrarias, seus bois e sua estrada de ferro, devoraram a Mata Atlântica. E a Bahia e Minas nem sobrou para contar a história..
No final dos tempos, já sem a esperança de um sonhador, quase secular, vê-se na estação do tempo, em viagem oferecida pela FÍBRIA (Aracruz Celulose), onde dá o tão esperado apito de partida nas máquinas que vão levar o tão famigerado progresso...através do oceano.
DISTRITO DE JUERANA
(antigo Km 51)
Juerana, nasceu quando aqui passou a Estrada de Ferro Bahia Minas, no século XIX, em fevereiro de 1880, no dia do seu padroeiro São João de Mata. Antes, moravam pelas imediações, pequenos posseiros como: os Rocha, os Ferreira, os Portela, os Cajá, os Bita e muitos outros que viviam quase exclusivamente da farinha de mandioca, produto que vendiam em Nova Viçosa, Caravelas, em costa de cavalo até o Porto de São José de Porto Alegre. Dali, em canoas até aquelas cidades. Viviam eles imprensados pelos fidalgos da região que possuíam léguas de terras dadas pelo Império, especialmente para o produto de café. Esses fidalgos, quase sempre estrangeiros e muitos outros de forma que os filhos da terra, propriamente dito, limitavam ter pequena terra dado também seu pouco recurso, por conseguinte, pouca produção. Com a chegada da Estrada de Ferro melhorou bastante: levavam para Caravelas no trem de Ferro, acabando o suplício de levar em lombo de animal.
Seu primeiro posto telégrafo foi no Km 39, aproveitando o córrego para abastecimento das locomotivas. O 2º posto telegráfico foi no Km 51, hoje Juerana; consta que encontraram aqui uma roça de mandioca dos Cajá, cuja farinha era feita na “cozinha de farinha de mandioca das Pedras”, pertencente ao Sr. Abílio Eugênio. Indenizada ou não, aproveitaram uma reta de quilômetro e meio (do 50 e meio ao 52), o segundo posto de comunicação Km 51, altitude 45 metros. Esse posto foi em barraco de zinco (hoje casa que moro, diz o autor), onde instalaram aparelho telegráfico, recebendo ordens da sede Ponta de Areia. O telegrafista na época era um tal de Caio Silva. Encontraram muito pau Juerana (madeira de onde se originou o nome do lugar, conforme o nome Brasil no descobrimento), ainda hoje (acrescentamos) encontra-se no centro de Juerana, a árvore centenária do juerana, como símbolo fugaz que fora o próspero e hospitaleiro Distrito, perfilado com garbo em sua bandeira em homenagem ao seu povo e aos 500 anos de Caravelas.
Em 1882, construíram a estação, daí, uma vida nova em lugar recém-criado servido pela Estrada de Ferro. uerana, pode-se dizer, é uma ilha: ao Norte – Braço do Sul, ao Sul – Córrego das Pedras, ao Leste – Braço do Sul e ao Oeste – Córrego do Laço. Logo correu a notícia que tinha uma estação que despachava mercadoria e aceitava passageiro. Daí, foi chegando gente e, assim, formando povoado. Os primeiros negociantes que tivemos foram: Coimbra, Antônio Carneiro, Bituca e Manoel Cyrilo. Em 1884, já com muitas famílias, construíram a Igreja do padroeiro São João da Mata, mandando vir a 8 de fevereiro, dia de sua festa até hoje, um São João da Mata que era São João Batista, tinha 80 cm de altura, de madeira e olhos de vidro.
Em 1900, o comércio de Juerana começava ter vulto: comprava e vendia para Salvador pela navegação Baiana, vapor São Félix, que fazia viagens por mês aportando no Porto São José. Bem perto de Juerana (8 km) havia duas fazendas do tempo da escravidão: Santa Cruz, à margem do Rio Fazenda e a outra Trombinha, à margem do Rio Peruhipe. Alcançamos ainda tronco, corrente, senzala, morada do dono e do feitor da Santa Cruz que era Dona Sinhá Costa e o dono da Trombinha era um alemão de nome Ernesto Krull, fidalgo de grande estirpe. Sua propriedade era imensa, sua morada um belo prédio de 3 andares à margem do Rio Peruhipe. Da residência para a casa enorme de varanda do seu capataz, uma estrada de 3 m de largura onde passava por toda senzala. Tinha muitos escravos. Até “piano” tinha em sua mansão. Dizem que era mau, bastante perverso. O conheci em uma fotografia grande na parede da casa do feitor.
Em 1910, Juerana teve a sua primeira professora, contratada pelo município _ Dona Branca.
Em 1922, 26 de Julho, às 7 horas, saltava aqui a família Assis. Moravam aqui as famílias: Fernandes, 1916 e Muniz, 1918. Só essas 3 famílias deram nova civilização, novos costumes ao lugar bastante atrasado. Os hábitos em falar que viram mula sem cabeça, que fulano vira porco do mato, que às sextas-feiras, meia noite o cemitério fica aceso, que ouve-se gente falando, foi acabando, foram esquecendo, dado as novas mentalidades. Em 1924-1926, com a vinda das famílias Teixeira , Alcântara e Lima, Juerana melhorou bastante, com outro nível social, basta dizer que as rezas da igreja só podiam ser cantadas, só podiam ser “tiradas” pelos homens, as mulheres eram simplesmente para “acompanhar”, para “responder”. Em 1918, quando Sr. Oscar Silva abriu uma grande padaria com grande repercussão, grande propaganda no Jornal “O Caravelense” de Caravelas. O ano 1918, mês de agosto, dia 11, domingo, teve muita aceitação, interferindo nos produtos da região, que era a paçoca, moqueca, beijú, etc. Com a vinda de outras famílias, o lugar foi passando a Vila. A Segunda professora paga pelo município, foi dona Semírames Moca, que tinha muitos alunos, isso em 1924. Em 1926, os Chefões de Juerana mandaram comprar em Mayrink, o espólio da Banda Musical local, conforme a cópia da ata, que assim dizia: ACTA – Aos 23 dias do mês de março de 1926 estavam presentes 10 sócios ativos do Grupo Musical São João da Mata. Foi aberto em seção extraordinária para se tratar de diversos assuntos referentes ao Grupo, de acordo com a descrição abaixo. Presentes os seguintes sócios: Jardelino Sant’anna, Manoel Caetano de Assis, Pedro Muniz de Oliveira, Emílio Frederico Bandeira, Ramiro Antônio, Sebastião Machado, Theotônio Lima Júnior, Firmino Muniz, Henrique Fernandes, Antônio Pereira de Almeida, José Gouvêa. Ficará como regente do Grupo nas mesmas condições do Sr. Jardelino Sant’anna. Em presença desses sócios acima foi aceita a proposta tanto da parte do referido como também dos presentes sócios.
Juerana teve duas fases de civilização: Primeira, bastante grosseira, rústica, 1880 a 1920. A segunda já bem melhorada, a partir do ano de 1920.
Já em 1926 dois times de futebol: o Amazonas Futebol Clube e o São Salvador Futebol Clube, com a orquestra, torcida, tudo que tinha direito. Urgél, o Garrincha da época, vindo de Belmonte; e o Jardelino vulgo parafuso vindo também de Belmonte. Esse último, seu Nô mandou buscar aqui para morar e jogar no Ypiranga em Teófilo Otoni. Aqui, foi também alojamento de um grande Cangaceiro por nome de Luiz Caetano com os capangas Alagoano, Miguel, Vitalino, Bahiano e outros. O Luiz veio das margens do Mucuri / Argolo. Tomaram suas terras, perdeu sua mulher, aí, desesperou-se. Chefiava o cangaço no Sul da Bahia. Enfrentou a polícia por diversas vezes, saindo-se sempre melhor.
Em 1928, um Sr. Tavico trouxe do sertão de Alcobaça pelos campos, sem estrada, sem nada, um “Caminhão Fordeco”, para festa do padroeiro e aqui da ponta ao fim de uma rua , lugar determinado, cobrava 200 réis. O dia todo o caminhão enchia. Por volta de 1926, Juerana teve também seu jornalzinho: “A Folha de Juerana” que circulava aos sábados. O dono, Anizio Estanislau Muniz, era redator, repórter, enfim era tudo. O jornal era impresso em frente a casa da namorada dele. Fiz um verso com meus 10 anos, mandei para ele e foi publicado: “Este tal de Jornalista, para mim, está com patota, pois escreve seu Jornal na casa de Maricota, (ano de 1926). Era na sala da casa de Dona Maricota que ele publicava.
Nos idos de 1927, chegava a Juerana a luz pública, movida a querosene. Seu Augusto Alves, todos os dias às 18 horas, com uma escadinha, subia no poste e acendia o lampião a querosene, e às 22 horas, voltava para apagar. Dona Idalina, mulher de seu Augusto, tinha uma voz formidável. Metade de Juerana ouvia quando de sua casa cantava. Entre 1954-1958 foi instalado o primeiro motor elétrico em Juerana.
Em 1977-1982 chega a água potável para os moradores e em 1983-1988 Juerana recebe o telefone público.
Na revolução de 1930, Juerana viveu um suspense: um trem especial de Teófilo Otoni com soldados bem armados desceu com finalidade de tomar Caravelas. Daqui, porém, não passaram. Dizem que foi por ordens do Major Turíbio Alves que comandava de Teófilo Otoni a invasão. Por sua vez, o prefeito de Caravelas, Teobaldo Costa, mandou cortar a ponte do Km 49, impedindo que eles daqui passarem. Terminou a Revolução daqui eles voltaram. Louvável o procedimento dos revoltosos aqui. Na véspera de viajar, foram aos poucos Jueranenses que daqui não saíram pagar o que estavam devendo. Os Jueranenses saíram em massa, só uma meia dúzia não saiu.
No ano de 1939, Juerana tinha profissionais com suas tendas montadas como seja, sapateiro, ferreiro, carpinteiro, barbeiro, etc. Uma Charqueada que abatia o gado direto. Um Grupo Musical com 20 elementos, que iam tocar em outros lugares. Na praça tinha 2 pés de amêndoa e 1 pé de ficus, dizem que foi plantado por Bituca, e existe até hoje. O restante da arborização: mangueiras e oitis, foram plantadas por Anízio Muniz, em 1930.
“ Lavra de Juerana “. A lavra de Juerana ficava no sertão de Alcobaça, o nome era Lavra Deus Dará. A condução fácil de ir para lá era daqui, indo em lombo de animal. Deu muitas pedras, Berilo e Criso Beril. Na época, Juerana ganhou bastante dinheiro.
Votar em tempo de eleições tinha que ir a Caravelas. Em 1948, foi criado uma mesa eleitoral, sendo o seu presidente, o sr. Antônio Assis.
Manoel Sapateiro, foi o maior violeiro, o maior repentista daqui do sul da Bahia. Cantava toda a história do cangaceiro, como Antônio Silvino, José do Telhado, Zé Pretinho, Horácio do Mato e muitos outros.
No dia 26 de agosto de 1930, o maior incêndio de todos os tempos. A loja e o armazém do Sr. Manoel Caetano de Assis pegou fogo, não sobrou nada, total destruição.
Havia sambadores que saiam todos os anos, levando oratório com o Santo, pedindo donativo para a festa. Corria toda a região, levando às vezes de 15 a 20 dias. Entre os sambadores devo destacar Manoel Safiro, o Caçaramba, que sambava com um par de esporas grandes e fazia o “ Corta Jaca “ trançando as pernas e os pés, mesmo em tempo de dança bastante difícil.
Em 1884, construíram a capela do padroeiro, São João da Mata. Um poeta da época saiu com esses versos porque a capela estava próxima demais da linha de Estrada de Ferro: “ São João de Juerana mora bem perto da linha, quando o trem de ferro passa embalança a capelinha “.
O ano de 1935 foi o maior da sua história em carnaval. Teotônio Ferreira Lima Junior, com sua carruagem puxada com 4 cavalos brancos com dragões, princesas, colombinas, pierrot, tudo o que tinha direito, desfilou pelas ruas de Juerana, empolgando a todos com seu Grupo das Flores. Todas as músicas feitas por ele. O Grupo das Flores, teve repercussão de Teófilo Otoni a Caravelas. Quando em 1937, mudou-se para Caravelas, filhos ao Colégio e Juerana, perdeu 50% de sua cultura. Seu pai, Teotônio Ferreira Lima, era grande personagem, um grande maestro onde morava, lá no Norte. Dona Leopoldina, alta fidalga. Nesse mesmo ano, 4 blocos (4 brincadeiras), desfilaram pelas ruas de Juerana, todos com suas orquestras, com seus acompanhamentos. Esses eram os nomes dos blocos: Grupo das Flores, Ranzinza, São Salvador e Urso.
Foram Coletores Estaduais em Juerana: Lindonor Almeida Santos, Salvador, João Serrado, Cerqueira, etc.
Até o ano de 1941, Juerana tinha problemas difíceis com professora do Estado. O mais que uma professora ficava era um semestre, voltava logo. Eram os casos de Dona Celina, Dona Sinhazinha, Dona Guiomar, Dona Matilde Pessoa e outras. Em 1941, acabou o problema. Nomeada pelo Estado, uma veio para Juerana, Profª Adriene Milcent. Dia 24 de Junho de 1941, Terça-feira, 7 horas, saltou na garagem da Estrada de Ferro. Recebida pelo Delegado Escolar, levou-a à pensão onde ia morar. Acabou o problema pois lecionou até 1966, quando aposentou. Dia 3 de Julho de 1941, primeiro dia de aula. Aluno nº 1 matriculado: Emília Nascimento, o último nº 50, Octacílio Barbosa. Em 1966, quando aposentou, o aluno matriculado nº 1 foi Alice Kazue Yano e o aluno matriculado n 65, Jovelina Ricardo. Deu aulas também a noite, Supletivo. Só no correr desse fim de ano, teve 4 inspeções. Vale a pena registrar a 2ª.
Em 1951, outro desastre acomete a comunidade de pânico, desta feita com a Locomotiva 138, tendo como maquinista o Sr. Manoel Artur. Um trem cargueiro, descendo de Helvécia à Ponta de Areia _ tombou com 5 (cinco) veículos, virando a frente para Juerana. Três pessoas são mortas e inutilizando mais outras duas. Deu até no Repórter Esso.
Além de todos os valores já existentes, Juerana, além de outros, desponta também, como em todo o município, na boa educação. Hoje desponta-se com a formação e qualificação de vários professores universitários da própria localidade, diminuindo a necessidade do deslocamento de maior número desses profissionais da Sede.
O Distrito de Juerana possui 7 escolas:
- Omar Cajá, (Sede)
- Princesa Izabel, (Sede)
- Centro Educacional Profº Júlio Gerônimo, (Sede)
- Maria da Natividade (Sede)
- Mato Verde (zona rural).
- Dr. Sócrates Ramos (Volta Miúda)
- José Bonifácio (Nova Esperança)
A economia e principalmente a produção agrícola de Juerana, incomparavelmente, não se pode assimilar a dados estatísticos de outros períodos, mas o valioso distrito, continua com a sua importância econômica, através da participação produtiva na agricultura e na pecuária bovina. No século XIX, a sua economia encontrava-se alicerçada na criação de cabeças de gados, suínos, cavalos, cultivo do feijão, melancia, côco da baia, café, cacau, mamão, chapéu de palha, bengala, produção de farinha de mandioca, beiju de côco, tapioca, lenha para os fogões e as máquinas da ferrovia, biscoitos de côco, venda e revenda de produtos comprados na capital do estado vindos pela navegação marítima, tipo, arroz, corte de panos, fumo em rôlo, cigarros, lampiões a querosene, querosene, carne de charque, prestação de serviços, tais como: costureiras, alfaiates, sapataria, padarias, pintura em, geral, carga e descarga de mercadorias dos vagões dos trens dentre outros. O meio de transporte para condução das mercadorias eram as mãos escravas, jumentos, ferrovia, carros-de-bois e tratores de alguns fidalgos. Contribuía significativamente para a Fazenda do Estado. Não podemos deixar de reconhecer a atual importância agrícola-econômica da Associação dos Produtores Rurais de Juerana contribuindo verdadeiramente com o desenvolvimento da localidade e de sua gente.
JUERANA é um Distrito de Caravelas, voltado economicamente para a agricultura e pecuária.
A maioria dos professores que lecionam em Juerana, são da cidade de Caravelas.
DISTRITO DE
SANTO ANTONIO DE BARCELONA
SANTO ANTONIO DE BARCELONA
O Distrito de Santo Antônio de Barcelona, data, aproximada da sua fundação de 13 de Junho de 1935.
O nome teve a sua origem, face ao seu maior fundador Antônio Salviano, ser devoto de Santo Antônio, e Barcelona, por causa de um rio que fornecia água abundante e límpida para os moradores.
Dizem outros moradores, que o grande latifundiário – Sr. Salviano, tinha vários parentes que moravam na Espanha, na cidade de Barcelona, na Europa, e que era simpatizante da
música “Dolores Sierra” onde tem um trecho que retrata Barcelona – aquela Barcelona, (...Adeus Barcelona, adeus,
Na religião, Santo Antônio de Barcelona, está bem assistida. Registra-se a presença das igrejas: Deus é Amor, Adventista, Cristã do Brasil, Assembléia de Deus (a mais antiga), Batista e Católica, cujo celebrante é o padre Cecifran de Ibirapuã – que celebra uma missa no primeiro sábado do mês.
A primeira igreja católica ficou em ruínas por muito tempo e, anos depois, a comunidade ajudou a erguer uma nova igreja, fato acontecido em 1951, a qual está de pé até hoje. O primeiro padre a celebrar missa em Barcelona , foi Frei Carlos.
O comércio foi instalado nos anos de 1950.
Na agricultura, exerce importante influência no plantio de Melancia, Abóbora, Cana-de-açúcar, Côco da Baia, dentre outros, cujos produtos são exportados para os estados de São Paulo, Rio de janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, em média 40 caminhões por safra. No comércio, ainda que pequeno, possui Lojas, Farmácia, Mercearias, Bares, Posto de Gasolina, Mercado Municipal, com feira livre aos sábados. Possui aproximadamente 100 propriedades, entre pequenos, médios e grandes latifundiários. É considerado grande produtor de leite, por mês são produzidos em média 45 a 50 mil litros, que são exportados através da PL – Produtos de Laticínios, para Itabuna, Vitória-ES e Rio de Janeiro.
Após anos, as ruas e casas de Barcelona, foram iluminadas, através de “Candeeiro” (lampião a querosene ou gás inflamável) semelhante a Caravelas que por muitos anos conhecera de perto esta rústica iluminação. Os candeeiros eram acesos, no mesmo ritual, a partir das 18 horas e um morador apagava todos os dias às 22 horas.
O primeiro Prefeito a dar impulso administrativo e a se preocupar com o Distrito de Barcelona foi o Dr. José André da Cruz, seguido de Benedito Costa.
O primeiro Prefeito a dar impulso administrativo e a se preocupar com o Distrito de Barcelona foi o Dr. José André da Cruz, seguido de Benedito Costa.
Somente no governo do prefeito Moacyr de Jesus Siquara, veio a iluminação elétrica, onde o motor ficava instalado em uma casa perto da delegacia.
Nos anos 70-80 veio em definitivo a iluminação elétrica, através da Coelba.
Nesta época as estradas tinham péssimas condições de tráfego, os carros entravam para carregar de madeira e só podiam fazer tal trajeto uma vez por semana, em face as dificuldades de trânsito das estradas.
O primeiro cartório de móveis teve como titular o Sr. Dourival e Antônio Morais. O cartório de Paz, era representante o Sr. Nesmar. Dois irmãos eram os responsáveis pela Coletoria e depois destes, vieram os Srs. Aldemiro Fonseca e o Sr. Dourival saiu por causa da política.
As primeiras casas de Santo Antônio de Barcelona surgiram após o desmatamento das terras do Sr. Antônio Barbosa Lula, primeiro morador de que se tem conhecimento, conhecido popularmente como - Antônio Salviano, doador de 40 hectares de terras para a formação do povoado. Tendo em seguida chegado para o lugarejo, os moradores Manoel Barracos, dando início assim a primeira rua, que recebera o nome de Macêdo Cordeiro, face o seu empenho e contribuição para o surgimento do lugar, os Navarros e o senhor Manoel Barraca. Contribuíram ainda, para o surgimento de Barcelona, os senhores Minervino Macêdo, Zuino Cordeiro e Milton Ferreira Braga (Sr. Siluca), era os idos de 1941. Além destes ilustres desbravadores, são também fundadores de Santo Antônio de Barcelona, os senhores: Moacyr de Jesus Siquara, Milton Braga (relator de grande parte desta história), Vivaldo José Cordeiro, Joaquim Civil, Paulo Pereira, José Rodrigues, Leopoldino José da Silva, Dona Iraci, José Campista, Osvaldo Barcelona, Juvenal Pereira, Joaquim Paulo, Jenuária Liberta (descendente de escrava, 93 anos) e Francisco Dias de Souza, estes corajosos nômades, foram considerados como “Caçadores de Idéias”.
Barcelona teve seus dias de dificuldades e decaiu bastante, diminuindo o movimento comercial, fazendo com que os comerciantes fossem obrigados a fecharem as portas de algumas casas comerciais e até mesmo do único posto gasolina que existia no lugar. Com isso, as pessoas começaram a mudar para outros lugares.
Na área educacional, a primeira escola estadual de Barcelona, foi a Castro Alves, construída em 1942, pelo prefeito Moacyr de Jesus Siquara e reconhecida pelo governo do estado pelo decreto nº 2.115 de 12/02/1982. Tinha 2 salas de aulas, 4 turmas e um total de 111 alunos e, ensinava da 1ª a 3ª séries primárias.
A primeira diretora desta escola foi a professora Tânia, que veio de Caravelas para dirigi-la, vestindo verdadeiramente os ideais da educação e plantando a semente da boa índole e fraternidade, como o faz os atuais educadores. Aqui morou por muitos anos, depois retornou à Caravelas.
Barcelona foi contemplada com o ensino de 2º grau em 2003.
Lembra, o ilustre morador e fundador Sr. Milton Ferreira Braga, casado com dona Ideides Rocha Braga, quase 90 anos, ele, conhecido por “Siluca”, humilde, semblante de quem muito sabe sobre sua gente, 10 filhos, 17 netos, 6 bisnetos, aposentado pela LOAS, relata: “...é já fui subdelegado de Barcelona, dos anos de 1971 a 1993, jamais ganhei alguma coisa.” Barcelona é uma família". Registra-se que a primeira residência familiar construída no lugarejo foi a do Sr. Siluca (hoje totalmente reformada) adquirida por 5 mil cruzeiros em 26/09/1951 localizada na Rua Macêdo Cordeiro (primeira Rua do lugarejo).
Barcelona sempre contou, desde os idos de 1952, com diversão da boate de Edmilson que funcionava nos finais de semana, com apresentações de shows de calouros, atraindo várias pessoas das cidades circunvizinhas.
Conta-se, e muitos até afirmam já ter visto, que por estas redondezas nas noites de lua cheia, é marcante a presença do Lobisomem com as suas garras afiadas e dentes aguçados e, que inclusive, testemunhas viram o Sr. Juvenal (fundador) tentar atirar e o gatilho não disparar, o que resultou numa tremenda carreira. Muitos garantem que ele existe _ não é de se duvidar!
Depois de uma década, Barcelona então, começou a progredir. Em 1983 iniciou-se o Ginásio para o ensino primário. Nesse tempo também, já tinha um pequeno Posto de Saúde com atendimento médico, uma vez por semana, hoje temos, um Posto de Saúde adequado para a localidade com atendimento médico e odontológico, PSF – Programa de Saúde na Família, ambulância.
As pessoas estão investindo em moradias, reformando ou construindo novas casas, tem transporte escolar para o 2º grau, linha telefônica, ruas calçadas, praça com quadra esportiva, matadouro, mercearia, chafariz, fábrica de blocos, açougues e padaria.
Seu eleitorado representou em torno de 1.637 eleitores em condições de votar nas eleições de 2002, segundo o Cartório da 112ª Zona Eleitoral do Prado-Ba. Sua população gira em torno de 2.450 habitantes (estimativa), distribuídas em aproximadamente 500 famílias residentes em Barcelona, sendo as mulheres a maioria.
Possui distintas tradições culturais: Festas Juninas, Vaquejada, além da prática de futebol e vôleybal. No esporte e no futebol, como um todo, sempre se fez presente em grandes campeonatos, principalmente os realizados fora do município de Caravelas, por está mais perto, como é o caso dos eventos esportivos de Medeiros Neto, Lajedão e Teixeira de Freitas, além da falta de estrutura, estádio inadequado. Ressalta-se que Barcelona já fora campeã em várias modalidades de disputa.
Situada a 144 km de distancia da sede (Caravelas), Barcelona limita-se com as cidades de Teixeira de Freitas, Lajedão, Ibirapuã e Medeiros Neto. Na política sempre soube se fazer presente, através dos seus representantes eleitos pelo voto direto do povo: Milton Ferreira Braga (1º vereador) e Minervino Macêdo (eleito 9 vêzes), dentre outros valiosos representantes.
Nos idos de 40-50 para os moradores se deslocarem até a Sede do Município (Caravelas) só existia uma alternativa (Trem da E.F.B.M.) e assim faziam partindo para Serra dos Aymorés-MG (antigo 158) cuja viagem o dia todo através de animal e para chegar até Caravelas (ida e volta) demorava-se até 3 dias. Em Serra dos Aymorés-MG precisam pernoitar em pequenas pensões devido ao horário de trem para a Sede. Comprava-se e vendia-se produtos em Caravelas. O sacrifício era grande, mas, se conseguia ganhar alguma coisa. Hoje parece que tudo ficou muito mais difícil, apesar das facilidades.
Nos idos de 40-50 para os moradores se deslocarem até a Sede do Município (Caravelas) só existia uma alternativa (Trem da E.F.B.M.) e assim faziam partindo para Serra dos Aymorés-MG (antigo 158) cuja viagem o dia todo através de animal e para chegar até Caravelas (ida e volta) demorava-se até 3 dias. Em Serra dos Aymorés-MG precisam pernoitar em pequenas pensões devido ao horário de trem para a Sede. Comprava-se e vendia-se produtos em Caravelas. O sacrifício era grande, mas, se conseguia ganhar alguma coisa. Hoje parece que tudo ficou muito mais difícil, apesar das facilidades.
O Distrito de Santo Antônio de Barcelona também tem a virtude e beleza dos seus desfiles cívicos e honrosas formaturas do seu corpo discente. O primeiro desfile de que é notório foi nos idos do ano de 1981, organizado pela professora Alice Araújo, porém, sabe-se que anteriormente, outros suntuosos eventos foram realizados.
Santo Antônio de Barcelona, não poderia jamais deixar de ter o seu símbolo perfilado nos atos comemorativos dos 500 anos de Caravelas e para a reputação da sua própria história.
A bandeira foi idealizada nos moldes oficiais e descreve: VERDE, MARRON, AMARELO, AZUL e BRANCO. O Sr. Antonio Barbosa Lula (conhecido por Antonio Salviano) fundador do lugar é falecido há décadas e aqui rendemos as nossas homenagens a este ilustre desbravador.
POVOADO DE NOVA ESPERANÇA (Espora Gato)
Em 1939, esse é o ponto de partida para a constituição deste pequeno povoado e como início da alavancagem e desbravamento das poucas matas existentes, mas ricas em madeiras, em Nova Esperança, município de Caravelas (diz Sr. França, velho morador).
Nesta época, com precisão, diz o Senhor Francelino Justino (sorridente e espirituoso, Sr. França, como era conhecido), morador há décadas, como outros, que acompanhou o processo de criação do lugarejo e se entusiasma ao lembrar os fatos, diz: “toda esta extensão de terras pertenciam a BENEDITO LÚCIO, seus filhos e sua esposa dona Maria, que muito ajudavam no dia-a-dia do trabalho da lavoura.” No começo, após alguns hectares já limpos para o plantio, plantaram maxixe, abóbora, mandioca, côco da baía, pimenta malagueta, feijão e outros produtos agrícolas, que até hoje são cultivados pelos pequenos agricultores.
O escoamento desses produtos se dava pelo Distrito de Juerana, que já era bastante desenvolvido e, que era o pólo comercial mais próximo e próspero antes de Caravelas. Os produtos eram transportados em cestos nas costas dos animais até Juerana e de lá até Caravelas, eram conduzidos via Ferrovia pelas máquinas da Bahia-Minas.
Todos aqueles que chegaram nesta região nos idos de 40-60 foram levados pelo relevante movimento comercial e progressista de Caravelas e pelas terras de baixo valor, principalmente, as existentes no interior, como é o caso de Nova Esperança, nome este dado à Fazenda do Senhor Benedito Lúcio, seu primeiro proprietário.
Estas propriedades eram na verdade um fio de esperança e um convite para quem tivesse vocação agrícola, que tinham preços baixíssimos, fácil de negociar com os governantes. A maioria das terras pertenciam ao município, como na era do Império e das Capitanias, com uma diferença que o Imperador só doava as terras a quem tivesse recursos e condições de realmente desenvolver a agricultura, o que o Rei fazia e acompanhava de perto, mas, algumas fracassaram.
As terras do município não se tinham nenhum tipo de controle, muitos se beneficiaram de grandes extensões de terras, sem nada produzirem, diga-se se apropriaram. Noutro sentido, alguns dos governantes municipais, já vinham percebendo o ocorrido, e resolveram explorar a região interiorana do município de Caravelas, fato este que vieira acontecer após os anos 40, contribuindo assim para o desenvolvimento da economia agrícola de Caravelas, e oferecendo condições de sustentabilidade aos instalados em suas terras, através da isenção de impostos, barateamento do hectare de terra e abertura de estradas para facilitar o tráfico de animais, já que veículos sequer existiam neste interior. O meio de transporte até chegar a rodovia e alguns lugares era feito por burro e cavalo.
O tempo foi passando, a guerra chegando e as dificuldades foram surgindo. A agricultura que estava indo à todo vapor, declinou e começou a desandar, pois este período, como toda guerra, nunca ninguém fora beneficiado, senão os fornecedores bélicos.
O fato é que a população começou a sentir as dificuldades da falta dos produtos, pois, além do relevante aumento da sua população, por causa da vinda dos militares para Caravelas, toda produção que se tinha e que era comercializada na sua maioria, primeiramente, teria que ser obrigatoriamente, quase que confiscada, pois eles (militares) ditavam o preço dos produtos e levavam tudo ficando por muitas vezes a população sem o direito de poder comprar e levar para a sua casa o seu sustento. Era a ditadura. Era a guerra. Mas não se justificava esta ação. Era a fase do medo e do temor. Assim poucos se atreviam a ir à cidade levar os seus produtos e começaram a produzir somente para o sustento da família.
Enquanto isto, já no final da guerra, restabelecido estes impasses, novos moradores são atraídos a virem morar na região, especificamente na Fazenda de Nova Esperança e aqui chegaram os senhores Florentino, Joventino Ferreira, que era o corretor, Manoel Cerqueiro (nome Cerqueiro, porque fazia cercas nas roças), Gilberto Kete, trabalhador braçal e algumas dezenas de senhores, jovens e crianças, trazendo a vontade, fortalecendo o trabalho e a esperança de dias melhores.
Findo a fase caótica e regressiva da guerra, a família do Senhor Benedito Lúcio foi desgostando da situação em que viviam e procuraram Joventino Moreira, corretor, conhecido como “Véio Branco”, morador, para colocar à venda as terras de sua propriedade.
Isto feito, em meados de 1951, o Sr. Benedito Lúcio apurou o que tinha para apurar como resultado da venda da Fazenda Nova Esperança, arrumou as malas, e partiu levando consigo uma nova esperança e uma esposa que não lhe pertencia de direito, rumando assim para a cidade de Três Corações, no estado de Minas Gerais.
Novo ânimo, vários donos, tudo dividido em lotes, alguns com documentos outros não, o povo que aqui chegou e ficou, começou a reestruturar o novo lugar. A esperança agora era muito maior, pois a região retomava o crescimento.
Nos anos 60, vendo a prosperidade, veio a morar no lugar, o Sr. Francelino Justino Santos (Seu França, como é conhecido e que conta esta história), pessoa humilde e de voz firme e semblante que inspira verdadeira confiança, que guarda ainda boas informações do lugar.
Acreditando em uma proteção, adotaram a divindade de Santo Expedido, o santo das causas emergenciais, que se comemora em 19 de abril. Inclusive o próprio nome permaneceu inalterado, por escolha de todos. Isto era dezembro de 1962.
O povo resolveu também adotar como fundação a data em que aqui chegaram os primeiros moradores como sendo o mês de junho de 1939.
Muita gente começou a vir morar em Nova Esperança, como foi o caso do Sr. Abelardo Assis Brauer, pessoa conceituada, família radicada no próspero Distrito de Juerana, distante daqui por apenas 3 quilômetros. Ao aqui chegar, o Sr. Abelardo adquiriu uma propriedade que ficava perto da esquina de um bar que tinha uma placa desenhada um gato com uma espora, fato em que se prende até hoje, o apelido dado à Nova Esperança, como Espora Gato.
Nova Esperança conta com aproximadamente 500 habitantes, com predominância para as mulheres, 80 moradias, 25 propriedades rurais.
Possui Igreja Católica e Igreja Evangélica (Assembleia de Deus). Produz pimenta, banana, maxixe, côco da baía, abóbora, farinha, feijão e um pouco de pecuária.
A comunidade é servida por água de boa qualidade. Possui também energia elétrica, telefone público, linha regular de ônibus para Caravelas, Juerana e Teixeira de Freitas. Os produtos agrícolas, são comercializadas no CEASA/SP, Teixeira de Freitas e pequena parte em Caravelas.
Nova Esperança fica há 46 quilômetros de Caravelas.
A farinha de mandioca produzida é comercializada no próprio lugar.
Tem forte tendência com qualidade pela cultura de fabricação de móveis rústicos
Nova Esperança é um povoado da zona rural de Juerana.
POVOADO DE VOLTA MIÚDA
Em se tratando de líderes e de decisões políticas, a maioria dos moradores só a fazem depois de ouvir alguns conselhos dos velhos amigos Cassimiro e seu Francelino (França para os íntimos). Outro de influente opinião e que nos deixou saudades, foi Cabocão _ que Deus o tenha! Volta Miúda e Nova Esperança ou Espora Gato, apesar de distante por poucos quilômetros, formam um só lugar, no comércio, na agricultura, na educação e nas opiniões.
Em 2002, o poder público, construiu uma escola para o ensino fundamental (até 8ª série) para os diversos alunos desta região, melhorou as estradas e o povo pede ajuda para construção do espaço físico para as suas orações “a Igreja”.
O povo desta região, inclusive de Volta Miúda, este pequeno lugarejo ligado a Nova Esperança (diz) e pertencente ao Distrito de Juerana, têm predominância para a cor negra, o que vem demonstrando ao longo dos anos, a facilidade para a cultura da lavoura, por ser um costume trazido por nossos irmãos escravos, que por aqui passaram para nos ensinar os mais belos e significantes conceitos morais de vida e trabalho.
Em Volta Miúda, podemos encontrar uma média de 220 moradores. Dentre tantos, destaca-se o Sr. Cassimiro, pessoa humilde, trabalhadora, agricultor e de boa conversa.
Na agricultura, basicamente produz farinha, côco da baía, leite de gado, feijão, beiju (biscoito de mandioca com côco e açúcar), pimenta, maracujá e outros produtos, pois a terra é boa e em se plantando tudo dá.
Na religião, a única casa de orações é a Igreja Católica consagrada a Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro), construída com o apoio do prefeito Jurandir de Souza Boa Morte e da comunidade. Padre Joca (João Carlos, Caravelas) foi quem primeiro celebrou missa. Volta Miúda é uma comunidade pertencente administrativamente ao Distrito de Juerana.
POVOADO DE FERRAZNÓPOLIS
Sua história teve início nos idos de 1952, jovem, ligada politicamente a Santo Antonio de Barcelona, assemelha-se à história de Nova Tribuna, Santo Antônio de Barcelona e Rancho Alegre. Os seus primeiros desbravadores dizem-nos respeito à família do Sr. Domingos Carlos da Rocha, hoje falecido, homenageado com o seu nome no Colégio construído, vindos do sertão baiano e de Minas Gerais, de arreio (cavalo, animal de carga).
Seus moradores mais antigos, lembram com exatidão o que era aquela época. É o caso dos senhores Balbino – morador mais velho, Daniel, João Ozório, José Ozório, Laudelino Ferraz, João Rodrigues da Rocha e Raul José dos Santos, todos residentes em Ferraznópolis. Este pequeno lugarejo foi como toda esta região, predominantemente tomada por vastas matas selvagens, rica em madeiras, propícia à cultura agrícola. Quando o senhor José Ozório, Laudelino Ferraz, chegaram à estas terras, final de 1951, adquiriu por poucas moedas em negócio com o poder público, toda esta extensão de terras e deram início à formação da vila. A princípio eram somente estas famílias, nada mais nada menos do que 15-20 moradores, como diz o senhor Lourival Rodrigues da Rocha (seu Lôro), atual administrador do povoado. Hoje, alguns fundadores, moram em Teixeira de Freitas.
Na busca de se fazer prosperidade, através da agricultura e pecuária, foram começando o desmatamento e a preparar o solo agreste para plantar feijão, mandioca, melancia, cana-de-açúcar, abóbora e outros produtos que tão bem esta terra lhe serve, além da criação de algumas cabeças de gado. Era o início da agricultura e da pecuária em Ferraznópolis.
O vilarejo iniciou o seu desenvolvimento precariamente, até mesmo porque, era uma pequena fazenda de propriedade particular, sem muitas perspectivas de prosperidade. Os seus donos começaram a ter insatisfação com os reflexos dos acontecimentos advindos de Nova Tribuna e Santo Antônio de Barcelona que já conheciam mais de perto o avanço do trabalho.
A única preocupação que se tinha neste instante, era sem dúvida, o medo da invasão em suas terras. Fazia-se pouco tempo que estavam ali instalados e agrupados, caminhos abertos, pastagem feita, plantio florescendo com várias espécies de árvores frutíferas, além da cultura de subsistência que tinha farta abundância. Era o final de 1959. Nenhum administrador público do município conhecia esta região, senão seus próprios moradores. Naquela época, talvez o saudoso Moacyr Siquara, tivesse andado por estas bandas, vez que foi ele quem abriu as estradas do interior e de Barcelona até Ibirapuã _ diz seu Lôro.
Os poucos produtos que produziam, eram para o sustento da família e o restante vendia em feira livre, na vizinha cidade de Medeiros Neto, distante há 08 quilômetros. A estrada era de péssima qualidade, carroçável, esburacada, de difícil tráfego, inclusive para animais – único meio de transporte existente naquela época.
Nos idos de 1960-1963, começaram a acontecer o que já estava previsto pelos seus moradores: “A MALDITA INVASÃO” _ diz. E aconteceu, virando uma dura realidade. Fortemente decididos, pequenos grupos deram início à invasão ao lugar desconhecido, mas, que lhes oferecia oportunidades de se instalarem e de se organizarem, para o sustento das humildes famílias, que rumavam por essas redondezas em busca de um teto e de ter o direito de trabalhar, ainda que desta maneira irregular.
Acabrunhados pelo ocorrido, pela subtração dos seus valores, por ver o fruto de tanto trabalho ser minorado e devastado, começaram a providenciar uma solução, uma alternativa, para evitar o pior.
Dos produtores legais existentes, somente os decanos, José Ozório e Laudelino Ferraz, através de uma sábia cumplicidade, tomaram forçosamente uma decisão desdenhosa: DIVIDIR AS TERRAS E DOÁ-LAS, para evitar um conflito, coisa que eles detestavam, como as verdadeiras pessoas de bem. Tudo foi feito.
Tais legados servem até para os atuais tempos, como verdadeiro exemplo de humanidade.
Os senhores Ozório e Laudelino e cada um dos fundadores com as suas famílias, tiraram um pedacinho (tarefinha) de terra e providenciaram imediatamente fazer a divisão para cada invasor ali instalado, ficando dividida ao meio por uma rua, marcada por várias árvores, uma parte dos novos moradores, ao norte de Caravelas, ficando instalado o atual povoado de Ferraznópolis. A maioria dos seus fundadores, desgostosos, foram embora, outros faleceram. Fica o agradecimento do povo.
O município de Medeiros Neto, sabendo dos acontecimentos, tratou logo de forçar e renegociar o plano de distribuição das terras com o senhor José Ozório e Laudelino Ferraz. As terras que ficavam do lado norte chamar-se-ia “Ferraznópolis”, estas pertenceriam ao município de Caravelas, e as terras que ficavam do lado leste de Medeiros Neto, chamar-se-ia de “Juracitaba” e pertenceriam ao município de Medeiros Neto.
A escolha do nome Ferraznópolis foi uma apologia ao seu fundador Laudelino Ferraz e, Juracitaba, diz-se de uma árvore forte e resistente que tinha na região.
Com isto, Caravelas era mais uma vez, subtraída em seu patrimônio, algo que já acontecia desde os anos de 1534, com as irregulares doações de terras para formação das Capitanias Hereditárias, que pouco benefício trouxe para o País.
Seu povo ficou no anonimato. Para o contentamento e orgulho dos seus moradores, em Ferraznópolis, encontra-se instalada uma média indústria de produção de álcool de cana-de-açúcar – MEDASA – Medeiros Neto Destilaria de Álcool S/A, que apesar de ter o nome Medeiros Neto, está localizada em território de Caravelas, empregando durante a temporada quase mil empregados diretos, produz mais de 20 milhões de litros de álcool por mês e, sequer, ninguém nunca procurou conhecê-la melhor, fato em que se concretizava somente, quando se aproximava a época da política, para sugar-lhes combustível. A MEDASA, foi fundada em 1986, produziu até os atuais dias aproximadamente 400 milhões litros de álcool.
Hoje, FERRAZNÓPOLIS, conta extraoficialmente com aproximadamente 300 habitantes.
Quando o senhor José Ozório, Laudelino Ferraz, chegaram à estas terras, final de 1951, adquiriu por poucas moedas em negócio com o poder público, toda esta extensão de terras e deram início à formação da vila. A princípio eram somente estas famílias, nada mais nada menos do que 15-20 moradores, como diz o senhor Lourival Rodrigues da Rocha (seu Lôro), atual administrador do povoado. Hoje, alguns fundadores, moram em Teixeira de Freitas.
Na busca de se fazer prosperidade, através da agricultura e pecuária, foram começando o desmatamento e a preparar o solo agreste para plantar feijão, mandioca, melancia, cana-de-açúcar, abóbora e outros produtos que tão bem esta terra lhe serve, além da criação de algumas cabeças de gado. Era o início da agricultura e da pecuária em Ferraznópolis.
Ferraznópolis, por sua vez, é um povoado pertencente ao Distrito de Santo Antônio de Barcelona, município de Caravelas, fundada no verão de 1952, segundo referências que nos levaram a crer, face a primeira roça criada por um dos seus fundadores, se referir a época de muito calor, como relata a fonte que goza de idoneidade e respeito na comunidade, além de ser um grande conhecedor das causas.
Por isso, admitimos como referencial histórico, pois não existem dados concretos, mas, dá-nos suporte confiável para tanto.
Sua economia está basicamente estruturada no plantio da cana-de-açúcar, mandioca, abóbora, melancia e um pouco da pecuária. Seu maior patrimônio é o respeito e a memória do seu povo.
DUQUE DE CAXIAS - Povoado (Pertence a Teixeira de Freitas)
APARAJU - Povoado (Pertence a Alcobaça)
VILA VARGAS - Povoado (Hoje Bairro/Pertence a Teixeira de Freitas)
IBIRAPUÃ - Cidade
LAJEDÃO - Cidade
CULINÁRIA TÍPICA REGIONAL
CULTURA
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POVOADO DE NOVA TRIBUNA (Finca Torno)
A história de Finca Torno, mais tarde passando a ser conhecida de Nova Tribuna, tem o seu começo nos idos de 1951.
Sabia-se que era no mês em que se comemorava a festa de São Francisco de Assis, pois os novos donos rendiam devoção ao santo, por isso acreditava-se ser em 04 de outubro, época real da fundação de Finca Torno, diz o Sr. José Rodrigues de Souza (conhecido como Zé Cotia).
Naquela época, só existia prato e meio de abertura (continua), referindo-se a medida geométrica que conheciam, onde PRATO E MEIO correspondia a 50 braças de comprimento por 25 de largura. Era a maneira mais comum de se fazer uma medida.
Acredita-se, que estas medidas eram usadas pelos homens da pré-história ou oriundas de alguma cultura do sertão bravio nordestino ou mineiro (desconhecidas dessa região), passava-se de longe ao conhecimento dos homens desta região, as medidas geometricamente usadas, mas, eram exatamente perfeitas, visto a credibilidade da palavra.
O prato e meio de abertura que argumenta o Sr. Zé , pode se referir também, ao lugar onde era clandestinamente feita as derrubadas das árvores pelas serrarias que existiam em Caravelas e na região, onde estas mesmas madeiras eram posteriormente, vendidas ao próprio município. Faltava mais controle do poder público.
Detentores de posse de terras e de uma economia razoável, na busca de propriedades de baixo custo, como era o caso desta região, chega aos idos de 1951 a Finca Torno, como era conhecido, os senhores Faustino Rodrigues de Souza, Dona Maria Joaquina de Jesus, seu filho José Rodrigues de Souza e outros parentes, vindos de Chapéu Velho e Machacalis, no estado de Minas Gerais, para uma nova aventura. Traziam consigo a esperança e a certeza de uma imensa prosperidade, como todo sonhador e desbravador daquela época. Transporte difícil, único existente era o animal: cavalo, burro e a égua, vieram de arreio, como diz _ foram vários dias viajando.
Após adquirirem as posses destas terras, não se sabe de quem fora adquirida e não há nenhum tipo de registro desta negociação, supõe-se, que fora efetuado negócio direto com a Prefeitura de Caravelas, cujos documentos, se existiram, o fogo tratou de arquivar, quando do incêndio ocorrido na prefeitura em 1959.
Estima-se, segundo o Sr. Zé (emocionado), que estas terras devem ter custado aproximadamente uns 100 cruzeiros, diz: “não era muito caro, mas tinha que se trabalhar muito para conseguir esta cifra “e, logo, começaram a cuidar de fazer a abertura de campos para pastagens, desmatamentos para os plantios e abrir pequenas passagens para o tráfego das poucas pessoas que iam habitar, não mais que 10-15 habitantes, todos da família do Sr. Faustino, proprietário das terras e de algumas reses que trouxeram de Chapéu Velho, durante vários dias de viagem.
O interesse era despertado em todos por essa região, em virtude da rica prosperidade que vivia Caravelas, através do seu Porto e da Estrada de Ferro, toda produção era escoada para todo País, e de tudo se exportava: café, cacau, banana, coco, melancia, mandioca, gado e principalmente a madeira, abundante no município, assim surgiu o desenvolvimento e deu lugar às derrubadas de matas.
Decorridos 4 anos, em 1955, o povoado de Finca Torno, cujo nome foi originado das várias demarcações de lotes de terras “Finca Tôco” ou Finca Torno, começou a prosperar, já se plantava banana, abóbora, mandioca, quiabo, maxixe, pimenta, melancia e criava-se gado. A terra era boa, diz seu Zé.
Todos os produtos cultivados, uma parte era para o consumo e a outra se vendia em Serra dos Aymorés, Helvécia e até mesmo Caravelas, todo transporte através de animal.
Enquanto isto, as plantações estavam sendo contaminadas pelas pragas e os animais infectados pela epidemia da doença “peladeira”, pouca coisa restou. Ao saber desta notícia, o futuro comprador desistiu e o povo aumentou a invasão, o desespero do Sr. Faustino aumentou sem poder contar sequer com qualquer alternativa, resolveu o mesmo abandonar o seu sonho de pecuarista e agricultor na região.
Aos poucos iam chegando moradores e aventureiros em busca de um pedaço de terra para se instalar e dela de alguma forma, tirar o seu pão de cada dia. Era a luta pela conquista e sobrevivência.
Com a chegada desses futuros moradores, veio a preocupação do Sr. Faustino Rodrigues, uma vez que estes estavam invadindo as suas terras e mesmo não estava tendo controle. Resolveu então, chamá-los, na intenção de minimizar o problema e dar um basta, começou a dividir em lotes as posses dos novos moradores, e se instalaram. Com a repercussão de que alguém estava doando terras, foram chegando mais pessoas, aí, então o Sr. Faustino, começou a desesperar e a ver todo o seu sonho ir de água a baixo. Neste período, já começara a descuidar-se do seu rebanho e da sua plantação. Providenciou buscar possíveis compradores para a sua propriedade. Após vários meses de tentativas, encontrou um comprador interessado, não sabendo o mesmo do que estava acontecendo, prometeu comprá-la, o referido comprador era o Doutor Tarquínio, de Chapéu Velho.
As primeiras barracas de comércio começavam a aparecer neste ano, inclusive a mercearia do Sr. José Rodrigues, a mais antiga.
O povo ao adoecer, curava-se no tempo – como diz o Sr. José Rodrigues (o conhecido Zé Cotia, ele não diz o motivo da alcunha, mas pessoas próximas, dizem que gostava por demais de se deliciar da caça) era tudo muito longe, a solução eram as ervas, as benzedeiras e a proteção divina. Remédio industrializado não se tinha. Já se passava dos 60 habitantes. Muitos morreram de malária, febre, picada de cobra, impaludismo e tuberculose.
Com tudo isto acontecendo, o Sr. Faustino Rodrigues de Souza e a sua família, exceto o seu filho José Rodrigues de Souza e alguns irmãos, ficaram para tentar reativar e levar à frente o projeto dos pais. Seus fundadores, não encontrando solução para venda das suas terras, doou toda a sua propriedade, vendendo somente a extensão de 6 alqueirões, onde hoje se encontra instalado o comércio pelo mísero valor de 25 cruzeiros. O restante das terras deixou para o povo e seguiu o seu destino rumo ao Mato Grosso. Lá veio a faleceu, anos depois.
Finca Torno ou Finca Tôco, continuava a se expandir, terras produtivas e férteis. O nome era incomum para o lugarejo e, assim alguns moradores insatisfeitos pediram aos políticos para proceder mudança.
Por Caravelas ser administrativamente a tribuna dos políticos e por Finca Torno ficar no ponto mais elevado do município, foi apresentado por líderes comunitários a sugestão do nome de NOVA TRIBUNA, em que fora aceito pela Comarca e que perdura até os atuais dias, era o ano de 1966.
Assim, Nova Tribuna, abençoada pelo seu padroeiro São Francisco de Assis, começou a ser vista por outro ângulo pela administração pública do município, nesta época podia afirmar que eram residentes aproximadamente 180 pessoas, entre crianças, jovens e idosos, relata seu Zé, comovido de emoção, assistido por Célio Meirelles, digno administrador do povoado (na época).
No governo do prefeito Moacyr de Jesus Siquara, um grande desbravador dessa região, precisamente no ano de 1957, incrementou o desenvolvimento para a comunidade de Nova Tribuna, autorizou a abertura de estradas, o que veio levar mais conforto e tranquilidade aos moradores. O caminho estava aberto para a comunicação com a Comarca, adjacências e o comércio em geral.
Em abril de 1978, o prefeito Damor da Cruz Alcântara, inaugura a Escola Municipal Firmino Pereira. O povoado contava para o ensino com 2 professores da rede municipal. Anos depois, esta escola foi totalmente remodelada e ampliada pelo prefeito Jurandir Boa Morte.
Produzem mamão, melancia, abóbora, quiabo, maxixe, pimenta e outros, além da criação do gado e extração do leite, foram intensificados. Para servir ao pequeno comércio existente, os produtos vinham de Serra dos Aymorés-MG, através de animal e em pequenas carroças, levava-se dias e, mais tarde de Teixeira de Freitas.
Nova Tribuna, produz em média 100 mil litros de leite por mês. É um grande produtor do município, o qual é exportado para outros lugares.
Em volta de Nova Tribuna existem aproximadamente 50 propriedades que pertencem ao povoado. Grandes propriedades estão instaladas na localidade, como no caso da Fazenda do Sr. Jady, Fazenda Planalto, Fazenda Itabaiana e Fazenda Santa Fé, pertencente ao prefeito do município, o qual, individualmente, é o maior produtor mundial de eucalipto.
A partir dos últimos 10 anos de administração pública municipal, Nova Tribuna começou a conhecer de perto um pouco do valor da cidadania, ainda que com lentidão e a ter o seu povo um pouco mais de valor humano. Deste período até os atuais dias, cada administrador procurou deixar a sua marca no povoado. Foram escolas, posto de saúde, calçamentos, atendimento à saúde e outros serviços.
O povo de Nova Tribuna, sempre fez questão de cobrar dos dirigentes, as estradas e a péssima qualidade das escolas. Foram abertos vários quilômetros de estradas, objetivando atender a estas reivindicações do passado. Ampliação de todas as escolas com oferta de merenda escolar diariamente, isto veio a facilitar consideravelmente o estímulo e a autoestima. Três mil metros de novos calçamentos foram feitos. Melhora na qualidade da oferta da água. Implantação do Programa de Saúde na Família-PSF.
Por conta de todo este trabalho, os moradores de Duque de Caxias, lugar que já pertenceu ao município de Caravelas até o mês de setembro de 1987, quando este foi incorporado ao município de Teixeira de Freitas, seus atuais moradores realizaram protestos e manifestações, com faixas dizendo: “Chega de sermos enganados, queremos as obras prometidas” (em alusão ao prefeito de Teixeira de Freitas). Tudo aconteceu por causa da repercussão dos serviços (ainda que pequenos) que estão sendo feitos em Nova Tribuna, Rancho Alegre, Barcelona, Ferraznópolis e em diversos lugares do município. Não precisamos e não queremos aqui prestigiar, tampouco dizermos aquilo que não nos condiz, mas é a pura realidade, escrevemos o que o povo diz e verificamos de perto. O trabalho está sendo feito e o povo destes lugares reconhece.
No seguimento religioso, Nova Tribuna é atendida por dois segmentos distintos: a Igreja Católica, cujas missas e celebrações são feitas pelo Frei Malvino, da paróquia de São Sebastião da cidade de Teixeira de Freitas e a Igreja Assembleia de Deus. A igreja católica, oferece cultos somente uma vez por mês.
A população atual estimada (não oficial) de Nova Tribuna está em aproximadamente 1.250 habitantes, que vivenciam no campo cultural as seguintes manifestações:
· Maracatu: festa folclórica que acontecia na época da fundação nas imediações do sítio do Sr. Abraão. Hoje só restam lembranças;
· As baianas: festa cultural religiosa que era presença marcante nos terreiros de umbanda.
· Argolinha: festa realizada por diversos cavaleiros. As cidades circunvizinhas fazem parte (Ibirapuã, Medeiros Neto, Teixeira de Freitas, Itanhém, etc.) concorrendo a valiosos prêmios;
· Futebol: individualmente, vários jovens têm destaque na modalidade, porém, coletivamente, o time que representa Nova Tribuna, não detém muita habilidade.
POVOADO DE BARRA DE CARAVELAS
Obedecendo às reais ordens, o Ouvidor Couceiro de Abreu percorreu o Rio das Caravelas no ano de 1763, secundando a exploração feita em 1607, por Antônio Vicente e Valério Fernandes – Para acudir à Capitania de Porto Seguro, atacada pelos índios, mandou D. Diogo a Vicente Paes, com alguma força e um corpo de índios, comandados por Affonso Rodrigues, da Cachoeira, filho de Álvaro Rodrigues, o célebre colonizador dali.
O Povoado de Barra de Caravelas, diferentemente do restante do município, que fora desbravado séculos depois, foi descoberta e habitada nos idos do descobrimento de Caravelas, provavelmente no início do século XVI (1504), fato em que a rota da navegação, servira como passagem para adentrar até o estuário de Caravelas e posteriormente, ser explorada _ primeiramente pelos índios tupiniquins que aqui viviam e mais tarde pelos europeus colonizadores.
Porém, para a História e a realidade dos acontecimentos, o seu descobridor está condicionado a ANTONIO VICENTE e VALÉRIO FERNANDES, quando em exploração feita no ano de 1607, por ordem do governador.
Acredita-se que a viagem destes desbravadores em cumprimento à ordem recebida do excelentíssimo governador, tenha acontecido no início do mês de dezembro.
Naquela ocasião, qualquer fato considerado importante, na maioria das vezes, ficava marcado pela comemoração da data do santo daquele dia, atribuindo-se assim, o dia 08 de dezembro, a data que marca o descobrimento do Povoado de Barra de Caravelas, face a comemoração neste dia, da sua Padroeira Nossa Senhora da Conceição.
Além das informações precisas sobre o estuário e os rios que nele deságuam, o 1º Ouvidor constatou a existência de madeiras de “todas as qualidades”, fazendo o primeiro recenseamento da futura “Princesa de Abrolhos”, anotando uma população de 360 habitantes, exceto os índios que “na Vila das Caravelas e seu termo acham-se ausentes”, segundo sua própria expressão em tópico da carta datada de 8 de janeiro de 1764, da qual é bem interessante o seguinte trecho: (a escrita obedece as regras da época)
“Notícias sobre as Barras do Rio da Villa de Santo Antonio das Caravellas, chamadas do Norte e do Sul, sondadas ambas em marés grandes, pelo Ouvidor da Capitania de Porto Seguro – Thomé Couceiro de Abreu. Tem este rio 2 barras, huma chamada do Norte e a outra do sul. A do Norte fica na Ponta do Carasuípe, que he uma ponta de areia assim chamada e della tomou a Barra de Carasuípe. Corre norte e sul e tem de fundo na baixa mar 3 para 4 palmos e na preamar 11 para 12 de largo da coroa à praia de maré baixa mar 5 braças. Defronte da Ponta da Coroa da parte do norte tem fundo na baixa mar 6 palmos, na preamar 14 e de largo 80 braços. Esta Coroa he alargada e só se vê de maré vazia, por barra aonde não há mar. Os ventos que confrontão esta barra são nortes, nornordestes, lesnordestes, nordestes, lestes, lessuestes, sudestes e sul e os mais confrontão com a praia por ficar esta barra em ponta que bota fora e a costa recolherpara huma a outra parte. E os ventos, com que se pode entrar nella aluesnoroeste, noroeste, nornoueste, (sic) norte, nornodeste, nordeste, lesnordeste, leste, lessueste e os mais servem para sua sahida. Toda a embarcação que pretender entrar nella, vindo do norte, virá desviada da praia meia legoa e aonde a terra se atravessar na proa, ou ao sul, ahi está a barra, e findas algumas árvores, a ponta de matto grosso, a que chamam a Ponta das Baleias, lhe irá afinando a terra, por não ter matto as margens da praia athé a barra, a qual se há de procurar desviado sempre da mesma praia coisa de 25 braças e este desvio o entrará a fazer chegado que será à frente de huns mangues pequenos, que ficam na mesma praia, buscando o Pontal do Sul, que ficará pela proa, e fica este Pontal distante de Carasuípe perto de meia legoa. Desta barra athé à outra do sul chamada Barra Grande, tudo são coroas, que botão a leste perto de huma legoa e por isso qualquer embarcação que quizer entrar ou sair d’estas barras não poderá fazer rumo certo, sem se por ao norte e ao sul da do sul, ao menos hum quarto de legoa. A Barra do Sul, chamada a Barra Grande, corre a sueste, e se entra nella ao noroeste. Tem de fundo na baixamar 9 e 10 palmos e de preamar 17 e 18, fundo de lama, e de largo da coroa que lhe fica da parte do norte athé o pontal 70 braças e quem por ella se encontra mais ao pontal que é a coroa por ser mais fundo. Os ventos que confrontão esta Barra são sul, sueste, que he direito pela barra dentro: lesueste, leste, lesnordeste e nordeste e todas as vezes que se achar da parte de dentro da dita barra qualquer embarcação, lhe abrigará o rio para o sudueste, aonde tem fundo na baixamar tres e meia e em partes 4 e na preamar 4 braças e meia em algumas partes e em outras 5 e meia e quem quizer dar fundo n’este sitio o poderá fazer da parte do sul, à sombra de hum mangue alto que fica acima do dito pontal perto de 400 braças.
Desde o início deste pequeno povoado, nascido sobre a proteção de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, escolhida como padroeira dos seus primeiros filhos, banhado pelas águas azuis do seu oceano, pelas tranqüilidades de suas preciosíssimas praias cercada pela cabeleira verde de suas matas virgens, até então inviolada e visitadas por turistas, que vêem dos diversos pontos do país, e até do exterior, para gozar das maravilhosas obras da criação à sombra de centenárias amendoeiras, adornadas por infindos coqueirais. A Barra sempre foi um pequeno povoado, simples, hospitaleiro e acolhedor, onde servia de comércio para os moradores que caçavam a baleia no Pontal do Sul, na armação, no costão etc.
Tínhamos uma linda igreja, pequenina em estilo colonial, provavelmente feita pelos escravos junto com alguns portugueses de épocas da colonização: tinha uma torre, dois sinos e um átrio acolhedor, todo arborizado _ disse a simpática Dona Aiá.
A pequena imagem da padroeira da era barroca, peça de incalculável valor artístico e monetário, foi roubada na década de 90, substituída por uma réplica de igual semelhança.
Além dela, um conjunto arquitetônico de outras valiosas peças em madeira, prata como: a imagem de São José, da Senhora das Dores, Cristo morto, São Sebastião, esta que impressiona o turista e visitantes, pela perfeição artística, um crucifixo com prata portuguesa, além de vários cordões de ouro antigo que se coloca na santa no dia da festa.
Em 1926 o mar levou definitivamente o restante da igreja primitiva e em 1929, inaugurou-se esta que temos hoje. Além da igreja, havia outras duas ruas com ótimas casas construídas com óleo da baleia. Hoje neste local é alto mar, só nos restou a saudade.
Barra do Sr. Salvino, Heitor Ramos, Antônio Rocha Bittencourt, João de Luzia e as Senhoras Beneditas e Lúcia Rocha que muito lutaram pela causa deste povoado.
A Barra sempre viveu da pesca e do coco. Um fato cômico que deve ser relatado e este que muito impressionou os moradores da época: “no tempo da 2ª Guerra Mundial, época em que o quartel do exército veio para Caravelas, os soldados não conheciam o nascer do sol na praia. Quando cedinho viram o sol nascer e o cenário vermelho dourado na imensidão do oceano, eles pensando num ataque submarino, torpedearam o sol pensando que fossem os inimigos”.
Na educação não podemos deixar de destacar nomes como: Idial Rocha, dona Nonó, Benedita Sérvula, Adi e muitos outros sucessores como: Professor José Luiz de Souza e Maria Terezinha Lemos que substituíram a dona Nonó. Esta escola o mar também já levou, quando a maré seca, ainda se vê vestígio das ruínas (diz emocionada).
Na religião vamos destacar o zelo da Senhora Erondina Soares, dona Bibita, Geni Soares, Benedita Silva Santos, Hildete, Nilzinha, Gracinha, dona Lica e muitas outras que lutaram pela organização do catolicismo e da devoção a Nossa Senhora. Na arte e na música podemos destacar à senhora Ceci, que organizou muitas festas como o Termo das pastorinhas, brincadeiras de índio e o folclore da festa de Cosme e Damião.
Do mesmo modo os teatros de palco e de arena juntos com Mimi (Milton Sebastião dos Santos, falecido) e Julio Silva dos Santos, Dajuda Xavier e os filhos da senhora Hildete.
O início do desenvolvimento deste povoado devemos muito ao Frei Elias, Dom Felipe e as voluntárias holandesas que iniciaram ao devastamento da mata, para as primeiras construções como por exemplo: a ideia da Alegria do Povo (1º prédio da escola pública), também o senhor Léucio Siquara que administrou a Barra durante a gestão dos prefeitos Moacyr Siquara e Almir Santana Soares. A Barra já teve tudo, inclusive a única banda de música com os melhores músicos da região, estes foram desaparecendo e a banda se acabou, deixando na saudade somente o prédio e alguns restos de instrumentos sem condições de uso.
Hoje a sede foi revitalizada após tantos anos desativada. Com o esforço da comunidade, com a égide dos jovens da localidade, fora revitalizada a filarmônica. Matricularam-se jovens e com o apoio da Prefeitura Municipal de Caravelas, contratou-se um professor e maestro Manoel Sebastião para ministrar as aulas musicais.
Existiu em nosso meio a irmã mais velha de Nossa Senhora, Honorinda Fernandes, falecida em 2001 com 106 anos, esta que muito lutou pelo desenvolvimento de sua terra dando testemunho de vida para muitos.
Os nossos mangues, dantes abundantes povoados por crustáceos, hoje vivem a escassez dos mesmos, em consequência das mãos predatórias de pessoas inescrupulosas. Aceitamos conscientes as leis que defendem a reprodução dos camarões, evitemos punhos cerrados, que as águas de nosso mar e de nossos ribeiros, sejam poluídas, por detritos industriais e lixos, em detrimento da comunidade. O POVO NÃO MERECE DESCASO.
Conservemos as frondosas gameleiras com o cantar dos seus passarinhos que embelezam a natureza todas as manhãs e as nossas praias debruçadas pelos altos coqueiros.
A história de Barra de Caravelas, se confunde com a própria história da caça às baleias.
O primeiro lugar da Barra de conhecimento dos europeus, foi o Pontal do Sul e as armações feitas perto do Riacho Aracaré, nos idos do século XVI. Por sinal, “Aracaré” foi uma homenagem feita pelos baleeiros ao índio Aracaré que atuava junto a tripulação da pesca da baleia, após perder uma perna em ação heroica para salvar a embarcação e seus tripulantes. A enorme Baleeira Aracaré (para a época considera-se o Queen Mary 2 em dimensão, o navio de 345 metros de comprimento, maior do mundo) foi totalmente abandonado em um riacho que hoje tem o seu nome “Riacho Aracaré”.
Até o início da década de 1960, era possível observar ao longo da praia do povoado da Barra, grande quantidade de ossos de baleias, parcialmente soterrados e ruínas de uma das armações. Atualmente, inúmeros ossos e tachos de ferro vindos da europa, podem ser vistos em restaurantes, hotéis e residências em Ponta de Areia e Caravelas, como uma lembrança dos tempos da caça ao mamífero.
Em 1935, Charles Haskins Townsend (Sei.Contr. ew York Zool. Soc, vol.XIX, nº 1:2-50) publicou em um trabalho baseado em registros de bordo de navios baleeiros norte-americanos, constatando a captura de uma baleia-jubarte nas proximidades do Arquipélago de Abrolhos. Isto evidencia que não apenas brasileiros se dedicavam à caça da baleia-jubarte na região.
O Capitão Tenente Colantino Marques de Souza, em artigo publicado no Jornal do Comércio de 24 de dezembro de 1894, menciona a caça em Caravelas “Já vimos, em oito dias de permanência na Barra de Caravelas, passarem pelo nosso navio 48 baleias a reboque das baleeiras, que as arpoavam por fora das paredes ou ao mar das ilhas, e a bordo de um iate norte-americano, que pescava baleias nas nossas águas territoriais, vimos também grande números de pipas do precioso azeite, não alvo como água ali mesmo fabricado”.
Em 1828 teve início a Caça às Baleias Jubartes e em 1829 deu-se início a pesca da garoupa, como nos dá notícia I. Acioli e B. do Amaral, eméritos e verídicos historiadores da Bahia: “O extraordinário interesse que resultaria do estabelecimento regular da pescaria de garoupas nos Abrolhos, dictou a formação de uma companhia; Domingos José Antonio Rabello chegou a dar-lhe começo; obtendo por decreto de 17 de setembro de 1829 a sesmaria das cinco ilhotas de Santa Bárbara nos Abrolhos e a Barra Vermelha, mas até hoje não tem produzido”.
Nestes locais já conhecidos se dava o preparo do óleo da baleia e que eram exportados. Quando se ia preparar o óleo, quase ninguém podia ficar por perto, por causa do cheiro horrível que infestava toda a área, vindo da carne apodrecida. Os donos das armações ganharam muito dinheiro e também acabaram com centenas de baleias.
Antes do fim da caça às baleias, uma enorme jubarte foi abatida, ficando na memória dos moradores deste povoado. A baleia era tão grande, que seu peso, aliado ao vento sul que fazia, deslocou a lancha, obrigando a mudança da rota para Nova Viçosa. Como o tempo não apresentava sinais de melhora, a equipe decidiu transportar a reboque pelo Rio Caravelas. A caça terminou com uma longa tradição. Calcula-se que de 40 a 50 baleias-jubartes, em média foram mortas, por ano, nas últimas temporadas de caça em Caravelas. Há registros de que num único dia foram vistas 12 baleias mortas, na praia da Barra.
Há notícias de ocasiões em que o filhote seguia a lancha com a fêmea arpoada horas seguidas. Depois de morta a baleia, se iniciava a operação de transporte.
A baleia era trazida para a praia com a maré cheia, mas se retalhava o animal somente com a maré vazia. Na época de caça, vinham para Caravelas trabalhadores de Mucuri, Nova Viçosa, Helvécia e Alcobaça, a fim de se empregarem nas armações, para os serviços de retalhamento das baleias e na obtenção de óleos.
O mestre do facão era quem iniciava o ritual de retalhamento das inofensivas baleias, subindo em uma escada para indicar os locais onde deveriam ser efetuados os cortes, sempre de baixo para cima. Somente para baleias-jubartes adultas como madrigo e o caxaréu, (diz Otávio Lopes) em seu trabalho guardado a sete chaves. Quase tudo na baleia era aproveitado. Nisso se incluía até mesmo o papo, ou seja, a língua, que servia de isca para a pesca do bagre.
Após o corte, começava a carnagem, operação que separava os tachos de gorduras da carne. Quanto mais avançado fosse o estado de decomposição em que a baleia se encontrava, de melhor qualidade era o óleo proveniente do processamento da gordura. As tiras de gorduras extraídas da baleia eram chamadas de talhões. A carne da baleia raramente era consumida pela população local, há quem o fazia, suas carcaças, carregadas pela maré, atraiam diferentes peixes à praia e os ossos serviam de abrigo a diversas formas de vidas marinhas, hoje como exposição para conscientização da preservação ao mamífero um dia depredado.
Durante o processo de carnagem, as tiras de gorduras eram postas em um tanque raso para apodrecerem, e em seguida, eram transportadas para tachos de ferro com um pouco de água.
Vindos de Portugal, os tachos eram encaixados nas fornalhas, cada uma com doze lugares. Usava-se madeira vermelha ou Siriba, retiradas do mangue. Os homens responsáveis pelo abastecimento de lenhas eram chamados de Foguistas e os que cuidavam da fabricação de óleo eram os Azeiteiros.
Por isso, nessa época, era comum o plantio de amendoeiras para que sob a sombra dessas árvores fossem dispostas as cartolas, que seguiam viagem, por grandes navios, até Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com depoimentos de habitantes do povoado, “...o cheiro da gordura se derretendo era muito forte, insuportável, atraindo grandes números de moscas e urubus durante a safra, que vinham dos restos das baleias deixadas na praia”.
Mesmo considerados verdadeiros heróis pela comunidade, os caçadores tinham remuneração bastante modesta, sobretudo levando-se em conta os riscos da atividade de caça à baleia (uma baleia jubarte podia atingir 16 metros de comprimento e pesar cerca de 30 toneladas). O marcante fornecia a tripulação um rancho composto de farinha e carne, quatro barris de água e uma pequena quantia de dinheiro a título de adiantamento. O rancho fornecido a equipe de caça era conhecida pelo apelido de socorro. Arrumado os apetrechos, os heróis da caça, ou pesca conhecidos como: Manoel Etelvino, Eugênio Fernandes, Uriconda de Tal, Almiro C. Conceição, Adrelino e Istolino de Tal, João de Luzia, Berlindo Siquara, Antonio Cândido, Heitor D’Ávila Ramos, João de Aprijo, Maneco de Messias, Sidônio Lírio Pereira e Sr. Dé Lírio Pereira, dentre outros. O comércio das baleias foi extinto em 1929.
A Barra de hoje, vive modernos tempos, possui vários hotéis, pousadas, restaurantes, bares, padarias, lanchonetes e opção de se explorar novas praias, apesar das já existentes e conhecidas serem de ótimo aconchego.
Maria, a Barra é vossa; vossos são os seus filhos; vossa é esta natureza bela e pródiga nos dada por Deus, (diz dona Benedita Sérvula da Silva). Ajudai-nos a conservá-la dando-lhe condições de sobrevivência.
Ao longo da bela e magnífica extensão da praia, envolta por belos coqueirais, muita paz e beleza natural, em direção à Ponta da Baleia, pode-se vivenciar diariamente, dezenas de pessoas, jovens, senhoras e pescadores profissionais, arrastando a sua redinha, tanto sozinho (pesca de arrasto curto, com um pequeno balão, onde o apoio é a cintura da pessoa que caminha de costas, puxando o apetrecho de pesca por uma distancia de aproximadamente 200m, recolhendo a rede e voltando a pescar novamente), quanto em parceria, que para tanto, utilizam a pesca de rede para capturar peixes (duas pessoas arrastam a rede, uma de cada lado, segurando-se em um pau de apoio, que por sua vez encontra-se a rede presa neste). Diversas qualidades de peixes são pescados, todos de tamanho pequeno, de 30cm abaixo, sauara, corvina, robalo, pescadinha, cangatã, bagre, siri, peixe papel, bucutuca, papaterra, aramaçá, enfim de tudo, mas em pouca escala. Na pesca do camarão com redinha, podem conseguir por dia, começando bem cedo, até uns 20 litros.
Vale salientar de que, quem trouxe para Caravelas e esta região a modalidade da pesca de rede e balão em embarcação motorizada, foi o japonês Muracamy, nos anos de 1960-70.
Na praia, onde hoje é conhecida como Praia dos Pescadores (os barcos ficam mais protegidos neste local), o fundeadouro das embarcações é natural, jogam-se as âncoras ao mar e estão seguras da arrebentação, e dos fortes ventos e ondas, por causa do embate criado pelo Pontal do Sul. Essa área da praia que é protegida pelo Pontal, inclusive, já foi no passado próximo, bem mais estreito, hoje ela já cresceu em mais de 15 metros de largura.
( )...Acompanhada por sua filha Dadá e o professor Edson, tivemos o prazer de prosear por horas com Dona Benedita Silva dos Santos, a notável e maravilhosa senhora dona Aiá (para os íntimos) e dona Bibi para os amigos, não sabemos qual a forma carinhosa a que devemos chamá-la, ela gosta que a chamem de Aiá (descobrimos que é porque os seus netos e filhos que ela tanto adora, a chamam desta forma), o importante é que foi muito gentil e amorosa conosco, em nos atender e relatou, já nos seus quase 90 anos de vida, sem demonstrar, somente com um pouco de dificuldade em andar e por instante, em lembrar de alguns assuntos, nos forneceu fatos que nos levam a uma atual realidade deste magnífico povoado de Barra de Caravelas, onde parte desta narrativa já fora passada para ela por seus antecessores, mas, que se lembra perfeitamente, como no caso em que o Costão (extensão litorânea da barra – hoje é bem visível, que tinha aproximadamente uns 2 quilômetros) aí ficava a rua principal, com belas e formosas casas e quintais grandes, atrás desta rua principal (antigamente, as ruas, pelo que pesquisamos e entrevistamos as pessoas que denotam o maior conhecimento nesta área, sequer souberam nos informar os nomes destas ruas, ou até mesmo se tinham) acreditam, que eram identificadas por uma numeração, como rua 1 (principal), rua 2 e rua 3, assim por diante, principalmente nos lugarejos. Na rua 3, (que é hoje onde fica a praia dos pescadores), nessa rua que hoje tem o nome de um ex-morador “Rua Heitor Ramos”, aqui morou por muitos anos também, além é claro, de outras nobres famílias, o Dr. Castilho, Juiz de Direito da Comarca de Caravelas, por excelência, foi um notável morador nesta rua _ diz.
Na Rua 1 estava instalada a bela e ostentosa igreja de Nossa Senhora da Conceição, ficava situada em direção, olhando-se da praia dos pescadores, à ponta do lado esquerdo do Pontal do Sul. Quando começou a inundação e derrubada das casas pelas águas do mar. Na Rua 3 (rua da praia dos pescadores), vizinhando-se com a pequena casa de São Benedito, que guardava as imagens da igreja, tinha uma casa de mulheres de programa noturno, que chamavam de casa escabrosa ou casa da luz vermelha, que mostrava em sua parede externa o desenho de duas mulheres nuas, aludindo imaginariamente o que acontecia em seu interior. A casa era cheia todos os dias, muitas jovens senhoras vinham de Minas.
A bonita Barra foi arrastada e totalmente destruída pelas ondas do mar nos idos de 1890-1900 e deu lugar ao tão belo, atual e aconchegante Povoado de Barra de Caravelas. Tudo não demorou muito, foi durante os anos, lentamente sendo engolida, durando bem pouco tempo a catástrofe, mas tempo suficiente para que todos desocupassem as suas casas para o novo morador que às vezes não esperava. Ainda hoje, alguns cientistas afirmam que as águas dos oceanos estão se elevando acima da normalidade. É o aquecimento global.
Lentamente, a Barra foi sendo reconstruída, dando início pela atual Rua do Ribeirinho e pela Rua João XXIII.
Conta dona Aiá, afirmado pela sua alegre filha Dadá e o ilustre amigo João de Nelson (como é conhecido), que a primeira escola da barra foi a (não se lembra o nome!) da professora Euflosina que veio de Salvador, conclui dona Bibi “..eu estudei nesta escola, ela era mantida pelo município, como ela mesma faz questão de contar, éramos uns 30 alunos, ah! como era bom! (concluiu, emocionada).
Depois o município criou uma outra escola e lá eu também estudei, foi a escola da Sra. Professora Esther Carvalhal, boa mestra, nesta escola _ diz Dadá, eu também estudei, ah! Eu acho que não se ensina mais como antigamente, os professores tinham mais amor e dedicação. A terceira escola construída pelo município, (não se tinha escola particular), sendo mais recente, o nome foi mais fácil lembrar, tinha o nome de Escola Municipal Idial Manoel Rocha, lecionava a professora Sra. Nodja Costa, conhecida como dona Nonó, também lecionou o Sr. João de Nelson, isso já nos anos de 1960-70 e o professor Edivaldo. Estas escolas tinham o curso até o 4º ano primário. Hoje, não existe nenhuma destas.
Muitos alegam que quem poderia acrescentar alguma coisa a este histórico seria a Sra. Honorina Caetano da Silva, que morreu com 105 anos de idade em 25 de dezembro de 2001, mas, bem pouca coisa ou nada. Que Deus a tenha! Diz dona Bibi, era a única que sabia muito, mas, você já sabe muito e o que está aí escrito é a pura verdade, conclui: siga em frente meu filho. (...) Meu filho (diz Dona Iaiá), vou lhe dizer uma coisa, só quem vai contestar estes fatos, como em tudo nesta terra, são os políticos sem compromisso com o povo e que pouco faz, e têm medo das pessoas capazes. O resto são os filhos desta terra, que sabem perfeitamente desta verdade, indiscutível. Vai com Deus! Finalizou. Agradeci.
A Barra atual está acessada por uma bela estrada pavimentada e, no social, está assistida pela Escola Municipal Deputado Afrísio Vieira Lima, Escola Municipal Alegria do Povo, totalmente reformadas e ampliadas, Creche Vovó Cedilia, Centro de Convivência do Idoso, Posto de Saúde, Supermercados, bares, pousadas, grandes hotéis, camping, padarias, sorveterias, restaurantes, pizzarias, igrejas, belas praias e ilhas e tudo para o bem estar comum da comunidade e do turista, além, sem dúvida da gentileza e carinho deste povo. A Barra é sem sombra de dúvida a porta de entrada para o turismo do município de Caravelas.
Novembro de 2003, marcou a chegada do telefone celular para a Barra, Ponta de Areia (esta com sinais de algumas, precariamente) e para Caravelas.
Em 2003, a gestão pública municipal, implantou uma creche e o Lar para idosos.
O Povoado da Barra de Caravelas, está amparado pelas bênçãos do Deus maior, nas preces proferidas nos diversos Templos religiosos, que no seu dia-a-dia, os seus fiéis, imergem o pensamento ao Grande Arquiteto do Universo, pedindo a proteção para o nosso povo. “Que Deus abençoe ainda mais àqueles que levam a sua mensagem”:
Assembléia de Deus
Congregação Cristã do Brasil
Igreja Batista
Igreja Católica de Nossa Senhora da Conceição
Igreja Maranata e outras...além dos
Congregação Cristã do Brasil
Igreja Batista
Igreja Católica de Nossa Senhora da Conceição
Igreja Maranata e outras...além dos
Centros Espíritas
POVOADO DE TAQUARI
Taquari (o nome), literalmente, está respaldado em uma taquara pequena, arvoreta da família das euforbiácias (Mabea angustifolia), das capoeiras secas, madeira mole e leve, e cujos ramos novos servem para fazer canudos de cachimbo, diz-se também, da espingarda de pequeno calibre. Este último para o bem da comunidade, apesar de ter deixado rastro de violência por aqui, graças a Deus, não criou raízes. Certamente, nos remotos tempos da velha estrada de ferro, deveria ser este lugarejo coberto ou envolto por estas pequenas árvores, como ainda se pode verificar.
Aos nobres filhos nascidos em Taquari, são chamados de taquarienses. Porém, tudo se resume ao nome dado ao pequeno córrego que corta o povoado, possivelmente, deveria, noutra ocasião, ser circundado de algum tipo de bambuzal ou até mesmo, como é atualmente, envolto a capoeiras secas, para caracterizar e justificar o seu registro.
O povoado de Taquari, teve o seu início de formação, nos meados de 1881, quando os grandes desbravadores dessa região, os engenheiros Miguel de Teive e Argolo, construíram a Estrada de Ferro Bahia e Minas (1882), servindo este lugar como ponto de parada obrigatória (pit stop, como chamavam na ocasião) para abastecimento do combustível usado pelas máquinas da Maria-Fumaça: a lenha _ da vasta mata existente na época.
A divisa territorial deste povoado de Caravelas com Alcobaça, começa no Rio Miguel e vai até a parte velha da estrada de ferro.
Na revolução de 1930, o então prefeito de Caravelas, Theobaldo Costa, conhecido como “Homem de Ferro”, para proteger e garantir a segurança e a paz da sua cidade, que em muito foi mal interpretado, e da cobiça dos mineiros, rumou para a Ponte do Rio do Sul em Taquari (local obrigatório de passagem da locomotiva, único caminho) pois queriam estes, forçosamente e de qualquer maneira anexar o nosso humilde território ao seu estado. Caravelas viveu esta época e Taquari presenciou os fatos da sua brava gente.
Enquanto isso, o batalhão de guerra de poucos bravos soldados, contando na frente com o chefe maior, seu Comandante Chefe Superior “Theobaldo Costa”, rumavam para Taquari, armados com a força da decisão e de fiéis amigos de sua mais extrema confiança, talvez, não fossem capaz de sequer dar um só tiro, pois eram extremamente pacíficos e este era um dos objetivos. Não se faz a Paz fazendo a Guerra.
Levavam nas sacolas de lona, penduradas nas costas, dinamites, pólvora, fósforo, querosene e, guarnecia os seus bravios homens com alguns fuzis e a coragem para defender os seus filhos, inclusive Taquari e Juerana, onde sabiam que iriam enfrentar os valentes guerreiros posseiros, comandados pelo Tenente Otávio Otoni _ chefe das forças do norte de Minas.
A emboscada estava armada. Todos estavam no matagal na espreita aguardando o bote fatal, como um felino a procura da presa. Puro silêncio.
Imediatamente, observando a aproximação do trem, ordenou aos seus subordinados e comparsas, que ateassem fogo na ponte do Km 20, sobre o córrego Taquari e ficaram escondidos na moita, aguardando a reação dos visitantes. Isto feito, e interceptado o trem, foi providenciado imediatamente o retorno silencioso das tropas mineiras, que para a surpresa destes, não esperavam por esta postura dos nossos humildes soldados e chefe do executivo, que, diga-se de
Dias mais tarde, sabendo do ocorrido, o Governo do Estado, envia para Caravelas, sob o comando do Tenente Alfredo Coelho, uma tropa de policiais militares, que logo retornaram à capital, visto que tudo já estava normalizado.
No povoado de Taquari, final do século XIX (1897) até meado da década de 50 (1953-58), só existiam precisamente, 6 famílias moradoras do lugarejo, como muito bem relata o Sr. Zé Pereira, inclusive a minha - diz: Paulo Uchôa, Antenor Seba, Juvenal Braz, José Meireles (guarda-chave do trem,) Tudinha, filha do Sr. Antônio Fontes e, posteriormente, chegaram para se juntar à comunidade, os japoneses: Sr. Kinuyo Kinjyo e família, Massanori Nagao, Paulinho Nagao, Yozo Baba, Hiroshi Kishi, Noburo Habiro e tantos outros, que significativamente, contribuíram para a lavoura, cultura e o desenvolvimento da agricultura deste povoado, plantavam: côco, melancia, pimenta, melão, abóbora, maracujá, fatos confirmados pelo ilustre morador e sua família (Dona Elizabete da Silva Tavares – esposa e Sra. Elizete Tavares – filha) Sr. José Luiz Pereira Tavares (Seu Zé), 70 anos, agente e telegrafista aposentado da Bahia e Minas. Tem o orgulho de dizer e faz questão, que é neto de Antônio Pereira de Abreu, um dos fundadores da Loja Maçônica Deus, Luz e Caridade de Caravelas, iniciado em 1879 na Loja Luz Brasileira, filiada ao GOB. Era também um grande fazendeiro, proprietário da Fazenda Pombal.
Dentre os grandes homens (acrescenta: referindo-se há pessoas que muito fizeram por Taquari), registre-se o nome do Sr. João Monteiro, agricultor, cunhado do seu Zé, homem de boa índole, falecido em 01 de maio de 2001, aos 90 anos de idade – diz, foi uma tristeza danada meu jovem! Ele era muito bom. Lamenta...
No ano de 1953, a máquina tombou na ponte do braço do sul e rio da fazenda, além de outros produtos, levava em seus vagões 7 pranchões de peroba e jacarandá. Morreram 3 pessoas: Manoel Artur – o maquinista, conhecido como sapo cheio; Gileno que ficou preso por vários dias debaixo das toras de madeira; Bento – chefe do trem, conhecido como caolho e Ambrósio – que foi jogado do trem para fora, batendo com a cabeça em uma pedra, ficando com complicação mental.
As cerimônias de casamentos realizadas em Taquari, eram feitas pelo Frei Otto ou Frei Ubaldo que vinham de Caravelas (de trem ou a cavalo) para a celebração nupcial. Era um dia de festa para todos. Colocávamos a melhor roupa e comungávamos.
Nesta época, o incentivo à educação no povoado, foi introduzido pelos japoneses aqui recém-instalados, que criaram a Escola Madre Joana Angélica e que era mantida pela comunidade. Os seus primeiros professores foram: José Salles Tavares de Almeida (sobrinho do seu Zé, entrevistado), hoje mora em São Paulo, Dona Regina Habiro (mora em Teixeira de Freitas) e outros. O Poder Público muito mal cuidava da Sede.
Logo que a estrada de ferro Bahia e Minas foi destituída pelo governo federal, o transporte de Taquari, passou a ser o carro de boi, que levava até o Cupido as mercadorias e os passageiros, lá chegando iam de canoa até Caravelas. Mais tarde, veio o caminhão do Sr. Euclides Medeiros (que fazia os deliciosos biscoitos de côco, bijus e farinha de tapioca), atendendo os moradores do povoado, levando as pessoas até a cidade de Caravelas.
Nos idos de 1989-1993, gestão do Sr. Luiz Carlos Sá Nogueira - 24º prefeito do município de Caravelas, autorizou a construção e para o povo mais carente, 50 pequenas casas populares, que até os dias atuais estão servindo de moradia, a população de Taquari ficou muito contente com a realização do prefeito, como diz o morador Sr. Lourival Santos, 52 anos, agricultor: “foi um presente que veio do céu, meu senhor. Só Deus paga a seu Luiz”.
Taquari, é o segundo menor povoado do município de Caravelas, tem 695 habitantes no total, sendo este dividido em duas partes: o domínio pelas propriedades do norte do povoado, contando do marco da divisa geográfica, que passa na Praça Theobaldo Costa, construída em 1987, pelo prefeito Francisco Henrique, pertencem ao município de Alcobaça e a outra divisão, referindo-se a parte sul do povoado (lado da estrada de rodagem), tudo que se faz presente daquele local rumo ao sentido sul, estas pertencem ao município de Caravelas, o que ficou este contando com aproximadamente 395 habitantes, 5 pequenas propriedades rurais, 120 residências e a Escola Municipal do Ensino Fundamental João Monteiro.
Nenhuma grande propriedade de produção agrícola foi registrada pelo lado do município de Caravelas, aqui a Aracruz Celulose é quem detém a monocultura de eucalipto. O grande sonho dessa comunidade é ter a sua própria padaria.
Taquari da parte dividida (do sul), passou a pertencer ao município de Alcobaça, o que lhe era de fato e de direito, só acordando e despertando para a realidade mais de um século depois. Qualquer ação sofrida por qualquer parte deste lugarejo, sofre imediatamente, uma reação pela outra parte.
Esta fatia ficou com as 10 melhores propriedades rurais, com aproximadamente 450 atuais habitantes, mais de 200 residências, torre de transmissão telefônica, além de pequenas outras coisas. A prefeitura de Alcobaça construiu também a Escola de Ensino Fundamental Maria Quitéria.
Apesar de a Igreja de Nossa Senhora Aparecida pertencer ao lado que compreende a cidade de Alcobaça, os féis se unem pela fé e tornam-se um só povo, num só lugar, por um só Deus. E QUE ASSIM SEJA! Não importa a religião e nem as divisas que os separam.
O maior produtor agrícola do povoado de Taquari (Alcobaça) de que se tem conhecimento é o Sr. Primitivo Mina Larraud, espanhol, natural de Pamplona, dono da Fazenda Nova Palha, produtor de aproximadamente 550 hectares de eucalipto. Em tempos outros, esta mesma fazenda, contribuiu significativamente, para a produção de melancia, onde exportava para os grandes centros comerciais.
O cemitério serve à toda comunidade moradora e fica localizado na Fazenda Nova Palha. Poucos enterros são registrados no lugarejo, face ser um lugar pacato e sem violência, ao contrário de tempos atrás, quando, como contam os seus moradores...que na década de 90 houve um crime bárbaro: um jovem de 30 anos, por motivo fútil e banal (dizem que chamou o companheiro de homossexual), foi jogado dentro do forno de uma carvoaria e fecharam-no, retirando-o, horas depois, restava apenas um bolinho de carvão.
No ano de 93, outro caso abalou o povoado. Uma determinada pessoa (não lembram o nome), enfiou um arame no nariz da vítima que perfurando ultrapassou o cérebro, morrendo instantaneamente. Mais tarde, uma criança de 8 anos, escorregou e caiu no barreiro, vindo a falecer, sendo sepultada sem o atestado de óbito, esse caso a imprensa regional acompanhou e foi testemunha.
Noutra ocasião, outra criança de aproximadamente 4 anos de idade, que usava uma sonda, tinha complicações cardíacas e saiu com outros jovens para passear, brincar e pegar arassá (um tipo de fruto nativo da região), perdendo-se do grupo e desaparecendo-se até os dias de hoje. Ninguém viu, ninguém sabe o seu paradeiro...
Taquari é o povoado do plantio de eucalitpo, assim dizem os seus moradores. Segundo a opinião de alguns moradores, muitas terras foram invadidas, confirma o Sr. Zilto, inclusive, as de minha tia Júlia Laurinda da Conceição (25 alqueirões), por diversos grilheiros, que posteriormente vendiam a empresas (supõe-se). Conta-se ainda, que quando os agricultores ofereciam resistência, os capangas invasores de terras, pegavam-os à força, sacrificavam-os e jogavam-os em uma cisterna, fechando-a posteriormente. Assim (diz) tomavam posse ilegalmente das terras. Existiam muitos aproveitadores por estas bandas e se lembra de dois perigosíssimos pistoleiros (não quis revelar os nomes), eram, segundos os moradores, cúmplices destes fatos (ambos já estão mortos), graças a Deus! Diz.
A pessoa mais velha que já viveu em Caravelas e com forte grau de parentesco aqui em Taquari, foi a Sra. Maria Laurinda da Conceição, falecida em 1986, neta de escravos, com 115 anos de idade. Seu bisavô era português. Dona Laurinda, como era conhecida, nasceu no antigo prédio da prefeitura de Caravelas a qual foi incendiada.
Após todo este processo, já em 2002, Taquari já contava com 112 eleitores com direito a voto e ser votado, pelo município de Caravelas, cabendo-lhe uma sessão nas eleições, conforme informações da 112ª zona eleitoral do Prado.
Seu Zé Cotia (morador antigo), afirma que a situação de hoje é bem melhor que antes e que ninguém foi obrigado a se desfazer das terras que tinha. “Venderam porque quiseram vender! _ diz o Sr. Zé”.
POVOADO DE RANCHO ALEGRE (Caixão sem Forro)
O início da história de Rancho Alegre, data aproximadamente do dia da festa da sua padroeira, pelos idos de 1968, época em que as firmas madeireiras fizeram depósitos junto à casa do velho Jaime, sendo ele o primeiro residente do povoado _ diz dona Alzira Américo, conheço como a palma de minha mão (faz questão de dizer). Nesta época, chegou para o povoado, o Sr. José Vargens Barreto, vulgo Teté, que deu origem ao nome da rua principal. Este por sua vez, conduzido pelos baixos preços de terrenos, foi proprietário de toda a extensão da atual rua principal, desfazendo no decorrer dos tempos, vendendo e doando lotes.
Em virtude da grande quantidade de poças d’água que se formavam nas margens da estrada BR 101 em construção, pela firma EMPERPAV, foi dando início no Povoado a um terrível surto de malária, provocando febre, vômito, delírios, tontura e até a morte de alguns.
Com o movimento da BR 101, novos moradores foram despertando interesse em se instalar no povoado, apesar da precariedade. Chegaram aqui o Sr. Agripino Nolasco, a Sra. Marlene – professora, Sr. Daniel – dono da pensão, Sr. Osvaldo – farmacêutico e Dona Satú Preta – que era a parteira, pois não existia médico e nem se ouvia falar em tal profissional. Muitos devem a existência a Dona Satú.
Neste período, chegou à casa do morador Sr. Damião Niela da Silva, uma pessoa (não foi identificada), muito doente e que não tinha família, em estado real de pobreza. Após ser socorrida e medicada pelos meios rústicos existentes da localidade, chás, benzedeiras e alguns possíveis remédios, o doente veio a falecer. Era um indigente. Foi enterrado num caixão simples, feito às pressas, de material barato e que não tinha forro.
Estando o Sr. Escofilde Carolino Costa, topógrafo (medidor de terras), hospedado na pensão do Sr. Daniel, observando curiosamente o enterro e era também muito brincalhão, falou: Nossa! O que é isso? Um Caixão sem forro. A partir daí, então deram o nome à localidade de Caixão Sem Forro.
O Povoado de Rancho Alegre, está localizado no extremo sul da Bahia, pertencendo ao Município de Caravelas, acima de Teixeira de Freitas, 38 quilômetros e distante da sede 112 quilômetros. Sua hidrografia está compreendida pelos rios Mutum, Tarifa e Vinho ou Rio do Sul (como chamam alguns), onde formam o encontro na Fazenda Três Rios, conforme relata dona Maria Dajuda Paulo, que continua como ela mesma diz, é bom prosear: “(..) Rancho é quase tudo eucalipto, eu ainda não vendi meu gadinho, mas a nossa situação é difícil, só tenho 3 cabecinhas de gado, sobrevivemos dos serviços que fazemos para outros, já não temos muita coisa, plantamos um pouco de feijão, côco, caju (nativo), banana, feijão tudo para a nossa subsistência.” Como na maioria, as casas são de pau-a-pique.
As propriedades do lado leste do Rio Mutum pertencem a Aracruz Celulose e as que estão do lado oeste do Rio Mutum, pertencem a CAF – Cia. Agropastoril Florestal que também é detentora de mais de 300 grandes carvoarias na região, aproveitando o eucalipto danificado, empregando centenas de pessoas.
A seringueira é outra fonte de riqueza no Povoado e do município de Caravelas, onde é transformada na matéria prima da borracha na própria Usina da Fazenda Boa Vista, de propriedade do Sr. Mário Coelho. Com uma produção de mais de mil litros de látex (produto extraído da seringueira) por dia, tem um potencial de fabricação de 2 tipos de borracha: CCB (Clepe Clara Brasileira) e GEBI, 1ª e 2ª qualidades, respectivamente. Em 2002, tinha uma produção diária de borracha de aproximadamente 2.400 kg, representando um total de 120 fardos de 20 kg cada, onde são totalmente exportados para Minas Gerais e Itabuna. A plantação está distribuída em 60 alqueirinhos da Fazenda Boa Vista, produzindo 60 mil pés de seringueiras, conforme relata o seu gerente Sr. Nelson Ferreira Neves, que divide os serviços com mais 30 simpáticos funcionários.
O marco divisório territorial entre o povoado e a cidade de Teixeira de Freitas, no sentido Teixeira de Freitas à Posto da Mata, está localizado na BR 101 no Km 882, na ponta onde deságuam as águas do Rio Mutum. No povoado, atualmente, existem 12 ruas e 3 travessas, todas identificadas.
No ano de 1969, tendo como prefeito do Município de Caravelas, o Sr. Almir Soares Santana, o Sr. Teté, sugeriu ao prefeito um novo nome para o local e apresentou a sugestão de RANCHO ALEGRE, pois o povo não estava contente com o indiscreto nome colocado. Após consultar o Legislativo, ficou estabelecido que a partir daquela data (20 de Janeiro de 1969). Caixão Sem Forro, passaria a se chamar RANCHO ALEGRE. Neste período, contava o povoado de Rancho Alegre, com aproximadamente, 158 moradores. As estradas de acesso até a sede, eram as mais rústicas e rudimentares.
Atualmente, a população de Rancho Alegre está estimada em 600 famílias, sendo 350 na sede no povoado, correspondendo um total de 2.400 habitantes. Conforme informação do Cartório eleitoral da 112ª Zona 1.732 eleitores com direito a voto nas eleições de 2002.
A economia de Rancho Alegre, está alicerçada no cultivo de mandioca, banana, côco-da-baía, feijão e seringa. Na pecuária pode-se destacar a criação de bovinos, suínos e eqüinos.
Para o tratamento da doença propriamente dita (a malária), foram enviadas pelo Fundação Nacional de Saúde de Caravelas, que atendia há mais de 28 municípios, vários homens, altamente preparados e capazes para darem combate e assim exterminar a moléstia da localidade. Após algum tempo, provavelmente um ano ou mais, exterminado os focos, Rancho Alegre, se encontrava livre desta doença.
Na gestão do então vereador Djalma Evandro Xavier Borja, este, fez com que se criasse no povoado um Distrito Policial, trazendo para Rancho Alegre um Policial conhecido por Boa Ventura.
O progresso ainda que um pouco lento, dava sinais de desenvolvimento e continuava a crescer, era o final do ano de 1969. Novos moradores começam a chegar: Sra. Albene – enfermeira, muito serviu a comunidade, o Sr. Antônio – dentista, Doutor Carlos Magalhães – médico, o Sr. Edilson e João da Liança, possivelmente um dos primeiros fazendeiros. Nesta etapa de evolução, ainda todos os produtos eram adquiridos em cidades circunvizinhas, Aimorés, Medeiros Neto e até mesmo Caravelas. Com isso, foi despertado o interesse da construção de uma Casa de farinha, o que veio acontecer através do Sr. Herculino Campista. Observando o movimento e a prosperidade que oferecia aquele lugarejo, o seu Manoel (Manezinho) mais conhecido, instala no lugar uma Serraria, o que veio ajudar na condição de empregos e contribuindo para o desenvolvimento. Com estes investimentos da situação privada, pois o poder público pouco podia fazer, por se tratar de um município extenso e com poucas verbas, chega para Rancho Alegre o Sr. Gervásio Barreto - primeiro subdelegado que também exercia a função de açougueiro. Com o apoio da comunidade, foi construída a Igreja Católica e devido a data de sua fundação, tem como padroeira Nossa Senhora Aparecida, que se comemora em 12 de outubro. O Frei Elias da Ordem Franciscana, registrada na paróquia São Francisco de Assis em Teixeira de Freitas, é quem assistia os cultos da igreja, tal feito, hoje exercido pelo Frei Darí da mesma ordem.
Nesta época, Rancho Alegre, era servida por energia elétrica, através de um motor a diesel, que funcionava das 18:00 às 22:00 horas, poucas lâmpadas existiam para iluminar o lugar.
Eleito prefeito em 1972 –1976, o Sr. Francisco Henrique dos Santos, inaugura em 1973 a primeira escola de Rancho Alegre, que leva o seu nome em sua homenagem. Nesta época eram professoras, as senhoras Zilda Oliveira Bitencourt e Joana Paula dos Santos. Neste mesmo ano foi inaugurada a estrada asfaltada da BR 101. Anos mais tarde (em 1998), esta mesma Escola foi recuperada pelo Governo da Bahia, cuja obra fora iniciada pelo Governador Paulo Ganem Souto e concluída em abril de 1998 pelo Governador César Borges, tendo como Secretário de Educação – Edílson Souto Freire, Diretor Geral da CONESC Antonio Fernando Andrade Lima. Esta obra foi financiada com recursos do Pro-Mundial (BIRD), MEC e Governo do Estado.
Em 1976-1981, eleito prefeito pelo município de Caravelas, o Sr. Damor da Cruz Alcântara, dá continuidade aos investimentos e atenção para Rancho Alegre, verificando a necessidade na parte da saúde, autoriza a construção de um Posto Médico e instala a energia elétrica, através da Coelba. Neste tempo, chega ao local, o mecânico e eletricista – Sr. Rosival Santos. Em 1978, contrata 2 professores para lecionar no povoado.
Nos idos de 1982 a 1988, começam a expandir a plantação da Seringa. Nesta época, instala-se em Rancho Alegre o Posto e Churrascaria Retão, oferecendo empregos aos moradores.
Em 1982, eleito prefeito pela segunda vez, o Sr. Francisco Henrique dos Santos, mandou construir o abrigo rodoviário, lavadouro público (inativo), Posto Telefônico, e a ampliação do Grupo Escolar e em 01/05/1986, inaugura o Departamento Administrativo de Rancho de Alegre. Em 1985, foi extinta a Serraria e a Casa de Farinha.
Tendo como prefeito o Sr. Luiz Carlos Sá Nogueira, de 1989-1992, adquiriu para Rancho Alegre uma ambulância, firmou convênio de cooperação médica e odontológico, construção de um Posto de Saúde, através de parceria feita com a Aracruz Celulose S/A, reforma da Escola Municipal, construção de um Chafariz e de uma Praça Pública, hoje inacabada, além de instalar o Sinal de Televisão para os moradores, através de uma antena parabólica.
O Povoado de Rancho Alegre, também contribuiu com o município de Caravelas, apresentando outros representantes para a Câmara de Vereadores. Nos idos passados teve Sr. Euclides Macedônio de Sá e já pela segunda vez e o Sr. Gilberto Rodrigues de Souza Prado e o Sr. Delson Leite ou Delson Bahia Sul.
Dona Alzira Sebastiana Américo, certamente é a mais antiga moradora e repleta de conhecimentos sobre este lugar. (...) “Moro há muitos anos em Rancho, tenho mais de 100 anos (argumenta que naquele tempo, os pais demoravam muito para registrar os filhos). Já fez chegar à luz do mundo (como ela diz, referindo-se ao parto), muitos dos jovens e adultos que hoje desfilam pelas 12 ruas e 3 travessas do povoado, através das suas mãos abençoadas de parteira, hoje já cansadas pelo tempo.
A Quadra Poliesportiva, certamente foi uma grande obra, que custou o anseio dos jovens que não tinham opção de lazer. O prefeito Jurandir Boa Morte, trouxe a Rancho Alegre a água potável, distribuída gratuitamente para todos os moradores. Toda a praça da Independência, a Rua Bom Sossego, Rua Castelo Branco, receberam calçamento de qualidade, dignificando os seus moradores e o município.
Na área da saúde, objetivando minimizar as constantes viagens para a cidade de Teixeira de Freitas, às vezes por simples casos, o prefeito Jurandir, equipou o Posto de Médico construído em Set/1991 com o apoio da Aracruz Celulose, com modernos equipamentos e implantou o PSF-Programa de Saúde na Família. Rancho Alegre, pode contar e confiar com 7 excelentes profissionais para cuidar do seu povo, além de um médico, possui 1 enfermeira superior, auxiliar de enfermagem. Mensalmente (diz o enfermeiro Gilson): 240 pessoas são atendidas no posto nos mais diversos serviços, como: atendimento ambulatorial e consultório, atendimento domiciliar pela enfermeira e agentes para os casos de gestantes e hipertensos e crianças abaixo de 5 anos.
Hipertensão, lidera a lista da relação de doenças diagnosticadas no Povoado de Rancho Alegre. O município dispõe em cada localidade, de uma farmácia popular no próprio posto, procurando atender as necessidades básicas da pessoa devidamente assistida pelo médico, o que consideravelmente, vem diminuindo os casos de mortes por problemas cardiovascular e similar. Quanto às gestantes, além do
acompanhamento pelos profissionais, a Secretaria de Ação Social, vem procurando ajudar com doação de enxovais de bebês.
Na época, o apoio do Administrador do Povoado, Sr. Adelino Carrilho Costa Neto, em muito nos ajudou para a consecução desta obra, conduzindo-nos por toda zona rural de Rancho Alegre e Nova Tribuna, (nossos agradecimentos).
Além da Escola Fundamental Francisco Henrique dos Santos, a zona rural está assistida pelas escolas: Iracy Carillo dos Santos, Escola Maria do Carmo Oliveira Souza e Benedito Pereira Ralile.
Rancho Alegre, conta também com transporte regular de ônibus para Teixeira de Freitas. Por ter uma grande aptidão para a agricultura, o Povoado possui uma fábrica de doces e frutos cristalizados, fundada em 1998, de propriedade do Sr. Almir Souza, registrada com o nome de Frutil-Indústria de Alimentos, aproveitando o produto produzido, gerando em média 40 empregos diretos, exportando para a região sul e sudeste do país.
O Povoado de Rancho Alegre tem na sua cultura a prática da capoeira, festa de São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida _ sua padroeira. Podemos destacar ainda, os talentos do grupo Relaxo do Samba, Carqueja, Bico de Tucano (Anum), Riacho Verde e Milênio. Tem ainda a tradição das festas juninas.
Na área de lazer, a comunidade jovem pode contar com o futebol de campo e a prática de futebol de salão.
O prefeito Jurandir de Souza Boa Morte construiu também uma Creche
Rancho Alegre tem a sua Bandeira que apresenta o seguinte perfil: em virtude da maioria da população ser de origem de raça negra (africana), foi criada e inspirada nas cores afro, vermelho, amarelo e verde, as quais se acham identificadas. Na parte triangular central da bandeira, pode-se verificar a representatividade de coqueiros, árvore em conotação ao cultivo da seringa, próprio da região e um escudo inserido em seu interior, uma estrada, representando o início do progresso de Rancho Alegre, as espadas significando a festa cristã de Mouros e Cristãos, o berimbau, em homenagem ao grupo de capoeira “ACARBO”, existente há muitos anos, o verde lateral – plantio de mandioca e no final o horizonte, tem a identificação através de uma faixa cruzada “12 / 10 / 1969 Rancho Alegre – Ba “, data da sua fundação. Em síntese, as cores da bandeira do Povoado de Rancho Alegre, coincide com as cores da bandeira do Município de Caravelas.
Em 16 de outubro de 1978, o povo inaugura a igreja católica e consagra a sua devoção à Nossa Senhora Aparecida, como padroeira do Povoado.
Rancho Alegre, que faz jus ao nome, tem uma hidrografia composta de três rios (relata o Sr. Adelino Carrilho, administrador), sendo eles: Rio Tarifa, Rio Peruípe do Sul (ou Rio Vinho, devido a sua cor escura) é o maior deles, (nascendo em Itanhém) atinge a uma profundidade máxima de até 3 metros e o Rio do Norte. Os rios pequenos e estreitos ou simplesmente Córregos que cortam a região, principalmente, a extensão territorial do povoado, são conhecidos como: Córrego do Piquí, Córrego do Cravinote, Córrego do Vinho, Córrego da Tarifa, Córrego do Mutum e Córrego do Palmital.
Após o encontro de todos os córregos, estes formam o Rio Peruípe Norte, que passa também no Distrito de Juerana, com afluente até Alcobaça.
Diversos peixes são pescados nestes rios, como: Tucunaré, Piau, Sairú, Piabanha, Traíra, Beré, Bagre, Robalo, Agrumeche ou Agrumatá e tantos outros. É possível encontrar algumas espécies de até 10 metros ou mais. Em seu leito, em alguns pontos, costuma-se encontrar algumas serpentes, tipo: Jararacuçu, Jararaca, Coral, Cascavel e outras, bem como a não venenosa Jibóia.
REGIÃO RIBEIRINHA DE CARAVELAS
Desde os idos de 1763, quando o Ouvidor Couceiro de Abreu percorreu o Rio das Caravelas, obedecendo às reais ordens, secundando a exploração feita em 1607 por Antonio Vicente e Valério Fernandes – “Para acudir à Capitania de Porto Seguro, atacada pelos índios...”, foi que se teve conhecimento de parte do estuário de Caravelas.
Além das informações precisas sobre este estuário e os rios que nele deságuam, o 1o. Ouvidor constatou a existência de madeiras de “todas as qualidades”, fazendo o primeiro recenseamento em carta de 8 de janeiro de 1764, da qual é bem interessante o seguinte trecho:
(...) “Notícias sobre as Barras do Rio da Villa de Santo Antonio das Caravellas, chamadas do Norte e do Sul, sondadas ambas em marés grandes, pelo Ouvidor da Capitania de Porto Seguro – Thomé Couceiro de Abreu. Tem este rio 2 barras, huma chamada do Norte e a outra do Sul. A do Norte fica na Ponta do Carasuípe. Que he uma ponta de areia assim chamada e della tomou a Barra de Carasuípe. Corre norte e sul e tem de fundo na baixa mar 3 para 4 palmos e na preamar 11 para 12 de largo da Coroa à praia de maré baixa mar 5 braças. Defronte da Ponta da Coroa da parte do Norte tem fundo na baixa mar 6 palmos, na preamar 14 e de largo 80 braços. Esta Coroa he alargada e só se vê de maré vazia, por barra aonde não há mar. Os ventos que confrontão esta barra são nortes, nornodestes, lesnordestes, nordestes, lestes, lessuestes, sudestes e sul e os mais confrontão com outra parte. E os ventos, com que se pode entrar nella alluesnoroeste, noroeste, nornoueste, (sic) norte, nornodeste, nordeste, lesnordeste, leste, lessueste e os mais servem para a sahida. Toda a embarcação que pretender entrar nella, vindo do norte, virá desviada da praia meia legoa e aonde a terra se atravessar na proa, ou ao sul, ahi está a barra, e findas algumas árvores, a ponta de matto grosso, a que chamam a Ponta das Baleias, lhe irá afinando a terra, por não ter matto as margens da Praia athé a barra, a qual se há de procurar desviando sempre da mesma praia coisa de 25 braças e este desvio o entrará a fazer chegado que será à frente de huns mangues pequenos, que ficam na mesma praia, buscando o Pontal do Sul, que ficará pela proa, e fica este Pontal distante de Carasuípe perto de meia legoa. Desta barra athé à outra do sul chamada Barra Grande, tudo são coroas, que botão a leste perto de huma legoa e por isso qualquer embarcação que quizer entrar ou sair d’estas barras não poderá fazer rumo certo, sem se por ao norte e ao sul da do sul, ao menos hum quarto de legoa. A Barra do Sul, chamada a Barra Grande, corre a sueste, e se entra nella ao noroeste. Tem de fundo na baixamar 9 e 10 palmos e de preamar 17 e 18, fundo de lama, e de largo da coroa que lhe fica da parte do norte athé o pontal 70 braças e quem por ella se encontra mais ao pontal que é a coroa por ser mais fundo. Os ventos que confrontão esta Barra são sul, sueste, que he direito pela barra dentro: lesueste, leste, lesnordeste e nordeste e todas as vezes que se achar da parte de dentro da dita barra qualquer embarcação, lhe abrigará o rio para o sudueste, aonde tem fundo na baixamar três e meia e em partes 4 e na preamar 4 braças e meia em algumas partes e em outras 5 e meia e quem quizer dar fundo n’este sitio o poderá fazer da parte do sul, à sombra de um mangue alto que fica acima do dito pontal perto de 400 braças".
A Região Ribeirinha, é formada por diversas ilhas, sendo que somente estas se destacam e que são habitadas:
· Ilha do Cassurubá (antiga Ilha Cassumba. O nome foi alterado levando adaptar a maneira como os seus moradores falam).
· Ilha das Perobas
· Ilha da Jaburuna
· Ilha do Padre
· Ilha do Massangano
· Ilha do Povoado do Caribe
· Ilha do Dendê
· Ilha da Barra Velha
· Ilha do Pontal do Sul (a primeira a ser habitada)
· Ilha dos Coqueiros
· Ilha dos Coqueiros
No complexo da Região Ribeirinha, moram aproximadamente 250 (duzentas e cinqüenta) famílias, totalmente cadastradas e identificadas, como bem define e conhece o jovem Hideraldo Beline Silveira Passos, que faz questão de dizer que esta região ele conhece igual as palmas de suas mãos, narrativas estas, enfatizadas pelos senhores Bicota, João Heleno (filho de Antonio Heleno), João Faustino, Elizeu e tantos outros, que elucidam a firmeza destes fatos. Pode-se ainda salientar que os residentes fixos, que antes se poderia dizer que chegava em torno de mil moradores, foram reduzidos a aproximadamente 700, assim distribuídos e representados, como muito bem exemplifica o Sr. Beline, em trabalho feito para o Conselho de Associações:
· Crianças de 0 a 7 anos de idade: 15%
· Crianças de 8 a 11 anos de idade: 10%
· Adolescentes de 12 a 20 anos de idade: 30%
· Adultos até 65 anos de idade: 25%
· Idosos acima de 65 anos de idade: 20%
Entretanto, a Região Ribeirinha, pode-se considerar que é um extenso território de moradores em estado de precocidade, haja vista, que os jovens, e em boa parte já no caminho da fase adulta, deslocam-se para a cidade, à procura de afazeres e melhoria de vida, obrigando assim as suas famílias a se desfazerem de algo que por direito lhe sustentara por muitas décadas, em busca de uma aventura, que por muitas vezes não traz o resultado esperado, deixando para traz uma nova fase na lavoura, um costume, além da rica cultura deste povo, vislumbrados por vezes, pelos valores impostos pelo regime da monocultura do eucalipto, por sinal compensador, estabelecendo, o fim de um costume.
O Povoado do Caribê é a única Ilha que não tem a plantação da monocultura do eucalipto, não porque não querem, mas, face as dificuldades de acesso (diz Beline).
Atualmente, 35% desta população migram para a cidade ou outros lugares, habitando um mundo totalmente adverso e desconhecido para estes, batendo de frente com outros valores, na tentativa de reconstruir uma nova vida. É evidente que este processo tem caracterizado a formação de outras comunidades na região urbana, como, principalmente, a formação do Bairro da Olaria e parte do Bairro das Palmeiras.
Vários são os fatores que levam esta população a buscarem na cidade outra forma de vida ou a promover o êxodo rural: principalmente, no que se pode referir à venda das pequenas propriedades, culminada pelo desestímulo à agricultura, pela falta de crédito aos pequenos produtores por parte dos governos, pelos filhos, braço direito da lavoura, tentarem outra alternativa nos lugares grandes, até mesmo na própria cidade, pela presença de doenças endêmicas e notadamente por irem em busca de uma melhor aprendizagem para poder ter o direito de competir com as ofertas de emprego que se oferece no sistema globalizado.
Hoje, são aproximadamente 300 as pequenas propriedades, algumas produtivas, de que se tem conhecimento nesta região, como bem afirma, Sr. Manoel Nunes da Silva, outro conhecedor, filho do Caribê, comerciante, que há anos se deslocou do Povoado do Caribe para a cidade, dando-nos conta de que a Fazenda das Telhas do Sr. Cota, certamente é a mais produtiva, além da Fazenda (esquece o nome) do Sr. Baltazar que tem mais de 800 cabeças de gado, diz.
Estas ilhas, diz Beline, são consideravelmente, fantásticas e belas, de riquezas outras, como a familiaridade e humildade, todos querem, sem distinção, muito bem lhe servir, e sentem-se satisfeitos quando sentem a presença de uma visitante, principalmente, se for da cidade ou já conhecido. “Aqui se alguém prometer algo tem que cumprir. É difícil fugir desta realidade, pois cobram mesmo, diz o Sr. João Heleno. O homem tem que ser homem. Falou, tem que fazer, não interessa, finaliza”.
Apesar da distancia em que se vive e dificuldades de locomoção para se visitar alguém, em virtude do perigoso acesso ou da travessia em batéis ou algo semelhante, o que fazem com a maior naturalidade e por ter muita lama ou por vezes a família ainda necessitar de algum tipo de embarcação, apesar da Associação dos Moradores do Povoado do Caribe, ter conseguido junto ao Governo Estadual em 1993, uma Casa para Fabricação da Farinha (motorizada, hoje desativada) e uma embarcação de transporte, mesmo assim, ainda é totalmente insuficiente para a demanda, mas como muito bem disse certa feita, o Sr. Bicota, comerciante do local: “...não é tudo que precisamos, mais serve né, devagar vamos conseguir mais alguma coisa. Se prometeu é porque vai fazer, finaliza”. Como relata Beline: “(...) todos que conhecem essa gente, sabem perfeitamente que são cabreiros (desconfiados), mas, vivem em perfeita harmonia com o outro. São honestos e cultivam a amizade como se fosse o seu patrimônio. O que existe aqui é difícil de se ver noutro lugar, acrescenta”.
Outra comunidade que também foi beneficiada com o Programa do Governo Estadual no ano de 2000, com uma embarcação motorizada para o transporte dos seus produtos e moradores, no valor aproximado a 18 mil reais, através do CMAC – Conselho Municipal de Associações de Caravelas, foi a COMUNIDADE DA ILHA DO CASSURUBÁ, local onde há alguns poucos anos atrás se extraía o petróleo e hoje não mais produz. É um grande produtor de coco verde e seco.
Atualmente, a agricultura que predomina na Região Ribeirinha é a plantação de cana-de-açúcar, cultivada principalmente, pela família do Sr. Antonio Heleno, lavrador do Sítio Paquetá (conhecido como Tapera), como diz um dos seus filhos, Sr. João, ele gosta de labutar na roça, plantar o milho verde, coco da bahia, banana, farinha de mandioca, beiju (biscoito) de coco e de tapioca, bolo de puba, óleo do coco do dendê, samburás, esteiras de taboa (tipo de vegetação), criamos umas galinhas, além de uma infinidade de outros artesanatos, próprias da região.
Praticam a atividade de extrativista de mariscos, sururu, ostra, lambreta, caranguejo, siri, aratu, além de desenvolverem a cultura de subsistência e pesca, hoje muito praticada.
As residências, na maioria, são de tijolo de barro cru, ou adobe e também de pau-a-pique, porém, existem muitas casas construídas em uma boa alvenaria.
O Sítio Paquetá ou “Tapera”, é por sinal a mais antiga propriedade habitada desta região. O povoado do Caribê, que incorpora três outras pequenas comunidades, como Caribê do Meio, Caribê de Baixo e Caribê de Cima, é o mais populoso e maior, com presença de mais de 68 famílias residentes e, a Ilha dos Coqueiros é a menor e menos populosa, tendo somente uma família residindo no local.
No ano de 2000, foi levado para toda a comunidade ribeirinha, através do Governo do EStado da Bahia, 214 kits básicos de energia solar, o que veio melhorar a qualidade de vida destes moradores que eram iluminados somente com a luz do sol, da vela ou do tradicional lampião a óleo de dendê ou querosene. Consideravelmente, diminuíram-se os problemas de doenças respiratórias, uma vez que usavam-se muito os chamados candeeiros, tochas e fogueiras para clarear o ambiente.
O povo ribeirinho é sem sombra de dúvida uma riqueza por si só, vejamos uma parte da sua cultura, além da já citada, diz Beline: (...) “Um fato importante vivenciado na região, se deu no Povoado de Santa Luzia, localizado às margens do Rio Peruípe e do Rio da Fazenda, próximo ao Distrito de Juerana, que foi o naufrágio de um navio que transportava carga de madeira para a Serraria Eleucunha em Nova Viçosa, cidade vizinha, ninguém se salvou, foi triste. Os que presenciaram falam com imensa tristeza.
Os moradores mais antigos e contadores de estórias acreditam na aparição da Caipora, do Boitatá, ali perto da coroa que vai para o Sítio Paquetá, diz que lá por volta das meia noite ou mais um pouquinho, nesta região, principalmente, aparece saindo do rio uma coisa do jeito de um boto roncando em forma de bola de fogo, depois uma forte zoada de correntes caindo no rio, o que dizem e levam a acreditar que nestas imediações, há muitos anos, uma pequena embarcação naufragou com escravos acorrentados e todos morreram, tal fato por vezes acontece na Fazenda Santa Luzia como diz alguns moradores de Juerana: “...na Fazenda Santa Luzia, tem algum mistério, é muito triste. Lá se ouve sons de correntes; pessoas gritando, marteladas, passos de pessoas andando, coisas caem ao chão. Não sabemos se ainda continua acontecendo, mais era assim mesmo, finaliza”
É sempre costume nesta região de se fazer o famoso forrozinho na casa de um amigo por perto. E lá, diz Jofre Lopes Ferreira, mais conhecido como Seu Lenó: “já era boca da noite, fui convidado para tocar a minha sanfona na casa de um amigo, peguei a canoa e fui pra lá, chegando no parcelado (área alagada que se seca por completo quando a maré está baixa), quando inadvertidamente, se esqueceu desse feito e ficou a sua canoa presa no parcelado. Normal, ficou aguardando a maré encher, quando para o seu espanto, a sua sanfona começou a tocar, acrescenta ele, que não teve nenhum medo e que quem estava tocando o instrumento era melhor que ele, só ficou muito arrepiado.
Quatro escolas atendem a toda a comunidade da Região Ribeirinha:
· Escola Municipal Monteiro Lobato - implantada na Ilha do Cassurubá no Governo do prefeito Francisco Henrique dos Santos
· Escola Municipal Odete Maria – implantada na Ilha do Povoado do Caribê no Governo do prefeito Francisco Henrique dos Santos
· Escola Municipal Menino Jesus – Implantada às margens do Rio do Poço no Governo do prefeito Jurandir de Souza Boa Morte
· Escola Municipal São Miguel – Implantada na região do Cupido no Governo de Jurandir de Souza Boa Morte
O complexo hídrico meandrante da Região Ribeirinha é composto dos seguintes rios:
· Caravelas (Antigo Rio Peruype. O mais extenso e importante);
· Macacos;
· Massangano;
· Jaburuna;
· Cupido;
· Santiago;
· Poço;
· Largo (antigo Rio Peruípe);
· Caribê;
· Barra Velha;
· Aracaré;
Os mais importantes afluentes ou Córregos são:
Peixoto, Pai Anselmo e Taquari.
Peixoto, Pai Anselmo e Taquari.
Na cultura, São Cosme e São Benedito são os destaques deste povo. Mas, o que mais impressiona são os chamados “OFÍCIOS” ou REZA de MÊS. Literalmente, neste conjunto de orações e cerimônias religiosas, existe algo mais que admirável e rico culturalmente nestes eventos, só acontecidos quando se completa um mês da morte de um amigo ou ente querido da família. A princípio, reúnem os convidados na casa do falecido, mas, alguém tem que saber “Tirar os Ofícios” (rezar com facilidade no dialeto afro) e o fazem com sapiência, durante toda a noite até o raiar do dia, só descansando uma meia horinha para comer algo, tipo (fazer uma boquinha) carne de porco com arroz doce, regado a aguardente. Neste dia é proibido lembrar-se do defunto com tristeza.
Porém, antes de tudo se iniciar, não se pode invocar nada, sem que se acendam as velas em volta de toda a casa pelo lado de fora. Assim, já dentro da casa, forma-se a corrente positiva, acreditando-se que o espírito está iluminado, no que pode então iniciar o processo do ritual e cantoria, onde alguém faz o acompanhamento com um livreto na mão, não se sabe se realmente o lê, mas, conduz com firmeza o ritual.
Os Rios Caravelas, Massangano e Macacos já eram conhecidos do Governador do Brasil em 1607, em estudos feitos pelos navegadores Antonio Vicente e Valério Fernandes, a mando de sua Excelência.
A Região Ribeirinha tem o segundo maior manguezal do País.
A criação da RESEX CASSURUBÁ pelo Governo Federal, que tem como chefe o Sr. Joaquim Neto (conhecido como Neto) em muito contribuirá para garantir a sobrevivência dos povos em seus costumes e hábitos nessa região, uma vez que os mesmos vivem da exploração da pesca artesanal e da extração dos mariscos.
A criação da RESEX CASSURUBÁ pelo Governo Federal, que tem como chefe o Sr. Joaquim Neto (conhecido como Neto) em muito contribuirá para garantir a sobrevivência dos povos em seus costumes e hábitos nessa região, uma vez que os mesmos vivem da exploração da pesca artesanal e da extração dos mariscos.
INTEGRAVAM O TERRITÓRIO
DO MUNICÍPIO DE CARAVELAS
DUQUE DE CAXIAS - Povoado (Pertence a Teixeira de Freitas)
APARAJU - Povoado (Pertence a Alcobaça)
VILA VARGAS - Povoado (Hoje Bairro/Pertence a Teixeira de Freitas)
IBIRAPUÃ - Cidade
LAJEDÃO - Cidade
CADEIA PRODUTIVA DO
MUNICÍPIO DE CARAVELAS
AGRICULTURA
Maracujá - Côco - Mandioca - Melancia - Abóbora -
Cana-de-açúcar - Mamão - Abacaxi - Citrus - Seringa -
Cacau - Banana - Aroeira - Urucum - Café - Horta - Milho -
Feijão - Pimenta - Eucalipto (fomento) - Maxixe - Abacate -
Palmito Açaí - Quiabo
PECUÁRIA
BOVINOS - SUÍNOS - OVINOS - EQUÍDEOS - APICULTURA - BUBALINOS
PISCICULTURA
Em processo de implantação no Povoado de Nova Tribuna
EXTRATIVISMO
Mangaba - Cajá - Caju - Aroeira - Genipapo - Manga - Jaca - Pitanga -
Fruta Pão -Carambola - Jaboticaba - Cajamanga - Dendê -
Palmito (jussara e palmeirão: São irregulares)
Goiaba - Araçá - Ingá - Maracujá
CARVÃO
PESCA
Camarão - Caranguejo - Siri - Ostra - Guaiamum -
Aratu - Ameixa - Sururu - Tarioba - Peixes Diversos -
ARTESANATO
Beijus - Doces de Frutas - Vassouras de Cipó - Cestarias - Esculturas -
Móveis Rústicos - Bordados - Redes de Pesca - Bijouterias de Côco -
Esteiras - Tricot - Berimbaus - Caxixis
CULINÁRIA TÍPICA REGIONAL
CULTURA
Festas Juninas - Carnaval - Folclóricas - Teatro
Cine Clube - Festas Religiosas - Manifestações Culturais
O LIVRO RELATOS HISTÓRICOS DE CARAVELAS LANÇADO
EM 2007, PELA FUNDAÇÃO PROFESSOR BENEDITO RALILE
ACRESCENTA E ABORDA MUITOS OUTROS FATOS IMPORTANTES.
ACRESCENTA E ABORDA MUITOS OUTROS FATOS IMPORTANTES.