"DESTAQUES"
LUTAS ENTRE MOUROS E CRISTÃOS
(O CORTE DE SÃO SEBASTIÃO)
Sebastião de Narbona, morreu 50 anos mais tarde na perseguição de
Diocleciano. Sua figura de mártir
cravado de flechas foi imortalizada pelos artistas da renascença. Veio a falecer entre os tormentos de
palavras, boladas de chumbo e amarrados sobre espinhos. Era o ano 303 da era cristã.
Vejamos
a origem do corte na festa do santo que significa: Guerra santa entre Mouros e Cristãos.
Na
idade média, aristocracia exibia-se em combates individuais: a justa, e em
combates coletivos, o torneio.
Estas
atividades desportistas dos nobres tinham uma finalidade, a preparação para a
cavalaria. Segundo alguns autores
literários, a cavalaria foi criada pelo Rei Artur, na Távola redonda e segundo
outros pelo Rei Carlos Magno e doze pares de França. O "corte" é um
teatro de rua, geralmente realizado em praça pública e a finalidade é
transmitir uma lição cristã: o bem vence
o mal. O bem que são os cristãos, vestem-se de azul, a cor do céu, e o mal que
são os mouros, vestem-se de vermelho e representam o inferno. O corte é também
uma reconquista dos portugueses das terras ocupadas pelos mouros em Portugal. É uma vitória do catolicismo sobre o
Islamismo, onde aparece São Sebastião como protetor das forças cristãs, Ele que
já havia morrido e martirizado durante o Império Romano. Também o corte é uma
adaptação da canção de Rolando e Epopeia Francesa, que chegou no Brasil Colônia
através dos jesuítas. São lutas e embaixadas belíssimas, encenadas e
dramatizadas à luz do dia.
Os
Cristãos têm um Rei, que é Carlos Magno, um Capitão, um Embaixador, vários
Soldados, tocadores de caixa e de flauta e uma bandeira azul com uma cruz
branca no centro. A música é bem
lenta.
Os
Mouros têm um Sultão e personagens como
os Cristãos: Capitão, Embaixador,
Soldados, tocadores de caixa e flauta e uma bandeira vermelha com uma meia lua
e a estrela no centro. A música dos
Mouros é a mesma dos Cristãos, porém, mais acelerada. No desafio da embaixada, o mais forte vence o
mais fraco. No final, vence o bem, os
Cristãos. Os Mouros se convertem recebem o batismo, acabando com o mal.
Caravelas realiza esta festa porque São Sebastião é o padroeiro do Rio de Janeiro,
diocese da qual, Caravelas pertenceu no
século XVIII e recebeu várias influências.
Em
recente Pesquisa feita para a UNEB e o Grupo Cultural Irmãos de Sebastião de
Caravelas, pela Professora Mara Nalva Rodrigues de Araújo, do Centro de
Educação Superior de Teixeira de Freitas-UNEB, em “Os Cristãos x Mouros”,
relata-nos com altivez que na história antiga, os Romanos chamavam o povo do
nordeste da África de mouri e a
região por ele habitada de Mauritânia. Esse povo pertencia a um grupo maior, o
dos berberes. Os berberes se tornaram
muçulmanos e muitos deles adotaram o árabe além de seu próprio idioma berbere.
Eles se juntaram aos árabes na conquista da Espanha durante o século VIII. A
chamada população Moura ou Marisca da Idade Média era em grande parte árabe. Os
mouros perderam grande parte de seu território na Espanha no final do século
XIII. Em 1492, Fernando e Isabel da Espanha expulsaram os últimos mouros. A
maioria dos refugiados se estabeleceu no norte da África.
Atualmente
a palavra mouro pode referir-se a
todos os habitantes do noroeste da África que são muçulmanos ou falam o árabe,
ou ainda aos muçulmanos de origem espanhola judaica ou turca que vivem no norte
da África.
A
palavra mouro em sua forma francesa mauri,
designa os nômades do Saara Ocidental na África. Ela também se aplica aos
muçulmanos cingalês – árabes de Siri-Lanka.
Na
forma espanhola, mora, o termo também
se refere aos muçulmanos que vivem no sul das Filipinas.
Uma
crença muito comum, mas incorreta, de que os mouros são negros foi difundida
pela peça “Otelo” de William Shakespeare. Os mouros pertencem ao grupo
mediterrâneo da raça caucasoide (branca).
Os
mouros deixaram marcas de sua influência sobre a língua, a música e os costumes
espanhóis que ainda perduram de modo indelével. Os Mouros portugueses que
depois da Ordem de expulsão de D. Manuel I, em 1496, ficaram no país e se
converteram ao Cristianismo, tornaram-se conhecidos pela designação de Mouriscos.
No ano
de 1095, o papa Urbano II fez um pronunciamento muito importante para a Europa
daquela época:
...É
preciso que sem demora vocês partam em socorro de seus irmãos do Oriente, que
várias vezes pediram sua ajuda...Que combatam os infiéis, os que até agora se
dedicavam a guerras privadas, com grande prejuízo dos fiéis...Que lutam agora
contra os bárbaros, os que combatiam contra seus irmãos e pais...
Foram
criadas, então, as Cruzadas que eram expedições militares organizadas
pelos Cristãos europeus para combater os muçulmanos e cristianizar os
territórios da Ásia Menor e Palestina, ocupados por tribos, turcas. As cruzadas
oficiais, oito, no total, desde o fim do século XI até o século XIII, são
formadas por cavaleiros e dirigidas por nobres, príncipes ou reis.
As
expedições também tem motivação não religiosas, como a abertura das rotas
terrestres de comércio com o oriente, novas conquistas territoriais, mesmo que
contra reinos cristãos, alianças para derrotar concorrentes feudais e decidir
disputas dinásticas.
Os
combates para expulsar os mouros muçulmanos da Península Ibérica recebe também
o status de cruzadas.
Portugal
e Espanha formaram-se enquanto monarquias nacionais durante a Guerra de
Reconquista dos territórios ocupados pelos mouros muçulmanos.
Nessa
luta contra os invasores o rei organizou um exército forte, caracterizado como
cruzadas, e conseguiu impor a sua autoridade sobre os mouros. A origem de
Portugal remonta ao chamado Condado Portucalense, que havia sido dado ao nobre
Henrique de Borgonha, como recompensa por sua participação na luta contra os mouros.
As
lutas foram intensas, e os mouros aos poucos se viram empurrados para o sul.
A
Espanha também se consolidou como monarquia nacional durante a luta contra os
mouros. Durante as guerras surgiram os reinos de Leão, Castela, Navarra e
Aragão. Embora a autoridade de senhor feudal continuasse vigorando nesses
territórios, a presença de um inimigo poderoso e belisco, como eram os árabes
favoreceu o surgimento de uma autoridade forte e centralizado para dirigir a
luta.
A
derrota definitiva dos mouros tem como marca a sua expulsão do reino de Granada
em 1492.
Vejamos
o trecho da carta da Chancelaria de Fernando rei de Aragão ao Papa Inocêncio
VII comunicando a vitória dos Cristãos contra os Mouros.
“Santíssimo Padre. O vosso humílimo e
devotado filho, rei de Castela, de Leão, de Aragão, da Sicília, de Granada,
etc, beije os vossos santos pés e mão e muito humildemente se recomenda a Vossa
Santidade. A qual aprazerá saber que aprove a Nosso Senhor dar-nos completa
vitória sobre o rei e os mouros de Granada, inimigos da nossa Santa Fé
Católica. Pois hoje, segundo dia de Janeiro do presente ano de noventa e dois
(1492) a cidade de Granada se rendeu a nós (...) este reino de Granada, que
durante setecentos e oitenta anos foi ocupado pelos infiéis...foi ganho (...)
A
reconquista portuguesa, iniciada por volta do ano 1000, significou a morte para
milhares de mouros. Mais tarde eles passariam a ser poupados para servirem como
escravos, conseguindo a liberdade apenas em casos excepcionais.
Em
1710, Dom Afonso Henriques deu carta foral aos mouros de Lisboa, Almada, Pámela
e Alcáter – submetidos, esses árabes conservaram relativa liberdade e podiam
seguir sua religião, lei e costumes, mas deviam pagar certa quantia ao rei.
Devido
ao seu número elevado, os mouros reuniam-se em “comunas”, governados por um alcaide (escolhido por eles) que
preenchia também cargo de juiz. Possuíam liberdade de culto e mesquitas – as
tentativas iniciais de convertê-los à fé cristão foram abandonadas diante da
perspectiva da perda de uma grande fonte de renda (as taxas devidas ao poder
central por todos os muçulmanos).
A fim
de evitar o contato entre cristãos e muçulmanos (mouros), estes foram alojados
nas “mourarias” ou “aljamias”, nos arredores das cidades. Quando as mourarias
fechavam, os muçulmanos encontrados fora delas eram castigados, e sob Dom Pedro
I (1320-1367), a mulher cristã que fosse sozinha a uma mouraria era enforcada
(junto com o muçulmano que a recebera). Foi proibido que os cristãos servissem
em casas de mouros, e o arcebispo de Lisboa ameaçava de excomunhão os cristãos
que vivessem nas mourarias. Os mouros eram obrigados a usar roupas típicas e
também distintivos.
Mas as
ameaças de castigo ou excomunhão não puderam evitar o contato, e os próprios
soberanos não respeitavam as leis: Dom Afonso Henriques e Dom Afonso III
chegaram a ter filhos com mouras.
A
ocupação principal dos mouros consistia na agricultura, mas trabalhavam também
como sapateiros, ferreiros, oleiros, albordeiros, pedreiros, carpinteiros,
etc., aos pesados impostos que pagavam somavam-se ainda obrigações tais como
derramos extraordinárias, hospedagem a grandes senhores e trabalhos públicos.
Em
dezembro de 1496, um Decreto de Dom Manuel obrigou os mouros a escolher entre o
batismo cristão ou o exílio. Os que optaram pelo batismo passaram a ser
chamados “mouriscos”, termo que designara também os escravos mouros
convertidos. (Os castigos infligidos a estes incluíam decepações, castrações e
mesmo a morte).
Os
“Mouros e Cristãos”, vieram para o Brasil, nas cavalgatas. Na dança e no auto
popular. Nas cavalgatas, convergências dos desfiles militares com os jogos equestres da argolinha e canas, espalharam-se por toda parte, coincidindo sua
apresentação com as festas religiosas dos oragos ou as datas clássicas em que havia
concentração nas vilas e povoações, São João, Semana Santa, Corpus Christi,
Natal, Santos Reis, Festa do Divino (Espírito Santo). Podia ser a cavalgata
simples, recordando a quadrilha, como Saint-Hilaire, muito mal humorado, viu em
Santa Luzia, Minas Gerais (507) ou o combate de Cristãos e Mouros, todos
montando cavalos e batendo-se ao som de música barulhosa, como Von Martinus assistiu na vila de São Jorge de Ilhéus, na Bahia (508). Não há cantiga e os
cavaleiros, depois do torneio, acamaradam, bebendo e comendo. A interpretação
da “mouriscada”, de dança guerreira, alarido militar para auto, é nítida, como
os mouros e Cristãos que combatiam em Niterói, segundo informe de Vieira
Fazenda. Henry Koster (509) assistiu ao “batismo do Rei dos Mouros”, em Itamaracá,
em 1814. não falou em músicas nem cantos. Tudo se teria verificado através
dessas declamações enfáticas e sibilinas que eram adoradas pelo povo-velho. Os
soberanos cristão e mouro ficavam nos tronos, trocando mensagens. O mouro
estava numa fortaleza dentro d’água, fortaleza-castelo, atacada pelos cristãos
logo que não foi possível a catequese por meios pacíficos. Os mouros
defenderam-se terrivelmente. Perderam a fortaleza e tentaram um desembarque,
sendo desbaratados na praia. Terminou pelo batismo à força do mouro derrotado.
Os cristãos assaltaram a fortaleza moura com escaleres e botes.
FESTEJOS JUNINOS
SÃO JOÃO
Durante
o inverno em todo o Brasil, são realizados festas juninas para se aquecer o
frio. Tem início a 13 de junho com Santo
Antônio, 24 de junho com São João e 29 com São Pedro.
Há
anos que se festejam 26 de julho Senhora Santana. Geralmente após as rezas dos santos,
aproveitam o largo para armarem barracas com comidas e bebidas típicas,
pescarias e sortes. É festejado com fogueiras, fogos,
balões e danças típicas. A fogueira é
armada nas portas das casas ou no centro de praças, nos arraiais e acesa logo que o sol se põe. A
fogueira é um sinal religioso, pois foi acesa para dar sinal a
Nossa Senhora que São João havia
nascido " o precursor de
Cristo". Durante este período são
encenadas as quadrilhas assim como o casamento de roça. As quadrilhas são contradanças folclóricas
com a disputa de passos entre casais. Vestem-se com roupas caipiras, chapéu de
palha, tamancos e outros adereços típicos da roça. No cumprimento os pares se aproximam e fazem
expressão corporal de várias maneiras, apresentando uma apoteose dramatizada. O
marcador da quadrilha deve ser uma pessoa bastante animada, para dar vida a
apresentação. No meio da quadrilha
realizam-se os casamentos. Uma comédia também caipira onde aparecem o padre, os
noivos, os padrinhos e as vezes até o batizado do filho da noiva. No final da apresentação existe o mal entendimento
entre noivos e pais e a festa termina com o entrosamento de todos ao gosto do
quentão e o milho assado encerrando assim a festa.
ONTEM
HOJE
SÃO PEDRO
BARRA DE CARAVELAS
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