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70ª Reunião Anual da SBPC - 22 a 28 de julho de 2018 - UFAL - Maceió / AL 1 7.05.05 - História / História do Brasil. 

A FORMAÇÃO SOCIAL DO EXTREMO SUL DA BAHIA (1948-1972) Márcio Soares Santos1 1. Mestre em Sociologia. Professor Assistente e pesquisador da Universidade do Estado da Bahia – Campus X, Teixeira de Freitas, Bahia. Resumo: O presente trabalho apresenta resultados de pesquisa sobre a formação histórico-territorial do Extremo Sul da Bahia. Após levantamento da evolução da divisão intra-territorial da Bahia, constata-se que somente nos anos 1990 o poder público oficializará o “Extremo Sul” como uma região geográfica no interior do estado. Todavia, o processo que levará a formação social do Extremo Sul baiano não pode ser compreendido como simples evolução, dada por sucessivas classificações territoriais oficiais. Portanto, são objetivos desta pesquisa: i) explicar como a formação territorial do Extremo Sul resulta do avanço sistemático do extrativismo madeireiro e da pecuária bovina extensiva, entre o final dos anos 1940 e o início da década de 1970; ii) apontar as mudanças sociais, econômicas e ambientais do processo histórico de formação do Extremo Sul da Bahia. Autorização legal: Não se aplica. Palavras-chave: Desenvolvimento regional; divisão territorial da Bahia; economia baiana. Apoio financeiro: Não se aplica. Introdução: Desde 1948 o estado da Bahia regulamenta suas divisões territoriais (BAHIA, 1948). Menos de uma década depois, por meio da Lei Ordinária 2.321 (BAHIA, 1966), a administração estadual faz sua primeira revisão político-administrativa, estabelecendo critérios unificadores para a definição dos territórios, denominados desde então Regiões Administrativas da Bahia. Em 1968 o IBGE cria a classificação territorial “microrregião homogênea”, identificando na Bahia vinte e seis destas (BRASIL, 1970). A parir de 1973 são diferenciadas as Regiões Administrativas e Econômicas, revisadas em 1991 (SOUZA, 2008). Até 2010 vigorará também na Bahia a divisão territorial por mesorregiões e microrregiões (BRASIL, 1990). A mesorregião Sul do estado compreenderá três microrregiões, dentre elas o território do Extremo Sul, denominado microrregião de Porto Seguro. Em 28 de agosto de 2010 a classificação por microrregiões é abandonada e em seu lugar surgem os atuais Territórios de Identidade (BLATT, 2013). Oficialmente, a Bahia passa a contar com o Território de Identidade do Extremo Sul, definido pelas dimensões econômica, geográfica e de pertencimento sociocultural, contando treze municípios e não mais vinte e um como anteriormente. Diante do contexto nacional de avanço das políticas econômicas desenvolvimentistas, inicia-se no Sul da Bahia o extrativismo madeireiro sistemático sobre áreas de Mata Atlântica, seguido do avanço da pecuária bovina extensiva. A formação socioeconômica do Extremo Sul baiano resulta, portanto, da estruturação da produção e organização do trabalho nessas atividades econômicas, iniciadas ao final dos anos 1940 e levada adiante, com vigor, até a conclusão das obras regionais de construção da BR 101, em 1972. De outra parte, o Extremo Sul aparta-se do grande Sul baiano em razão das dificuldades de expansão da lavoura cacaueira ligada aos centros urbanos sulistas de Ilhéus e Itabuna (CERQUEIRA-NETO, 2013). A experiência histórica que conforma o território e a sociedade do Extremo Sul baiano não pode ser adequadamente compreendida se não observarmos a estrutura produtiva que lhe deu forma, bem como seu desenvolvimento demográfico decorrente. Não obstante, essa formação social não prescinde das condições ecológicas dadas. Portanto, nosso objetivo é analisar a formação histórica do Extremo Sul da Bahia, considerando as condições econômicas, ambientais e sociais de sua constituição, apontando a movimentação espacial em torno da microrregião em formação. Metodologia: Esta pesquisa parte de observações concretas, mais especificamente de insatisfações com o estado atual do Extremo Sul da Bahia, para em seguida estudar o seu passado, com vistas a obtenção de conhecimentos históricos que possam permitir a compreensão da formação social dessa região da Bahia, identificar problemas centrais, bem como fomentar discussões e subsidiar, com informações científicas, o futuro desenvolvimento social, econômico e ambiental da região. Para tanto tomamos por referencial teórico o materialismo histórico-dialético (MARX, 2013; CARDOSO, 2000; LÖWY, 2014; HOBSBAWM, 1998; FONTANA, 1998), método de investigação que permite articular os distintos tempos históricos – passado, presente e futuro (como horizonte de possibilidades) –, no intuito de refletir criticamente sobre a história regional. Em termos empíricos, partimos do levantamento bibliográfico e documental da atividade madeireira na região, visando compreender o estado atual dos saberes disponíveis, bem como aprofundar temáticas e 70ª Reunião Anual da SBPC - 22 a 28 de julho de 2018 - UFAL - Maceió / AL 2 ampliar o conhecimento existente. A seleção das fontes para a realização da pesquisa apoiou-se em quatro conjuntos documentais, por meio dos quais se apreciamos as questões demográficas, econômicas e ecológicas. O primeiro desses conjuntos é a bibliografia. Parte desta é composta, basicamente, de livros regionais escritos e publicados por memorialistas locais sobre municípios do Extremo Sul da Bahia. Entre estes destacamos os livros do padre José Koopmans (1995), do frei Elias Hooij (2011), do pesquisador e professor Benedito Ralile (2006) e de Jean Albuquerque (2016). Outra parte da bibliografia é composta de artigos mais especializados, com destaque para os trabalhos do geógrafo Sebastião Cerqueira-Neto (2011, 2012, 2013), dos pesquisadores Angelina Garcez e Antonio Guerreiro (1975), Nadir Blatt e Patrícia Gondim (2013), Clarissa Magalhães, Ariane Favareto, Ricardo Cardoso e Heidi Buzato (2015). O segundo é composto de monografias, dissertações e teses (MACHADO, 2000; CERQUEIRA-NETO, 2001, 2009; SOUZA, 2008; FERREIRA, 2010; OLIVEIRA-JR, 2014). Estes estudos acadêmicos tratam de aspectos variados: economia, sociedade, urbanização, divisões espaciais e política territorial. O terceiro grupo compreende artigos outros e material estatístico, como os estudos produzidos pela Superintendência de Estudos Econômicos e Social (SEI, 2015), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1956; 1968; 1970) e por entidades não governamentais como o Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS, 1966). O quarto corpo documental é composto de artigos jornalísticos publicados nos anos 1960-70, abordando temas sobre a região comuns à época: derrubada indiscriminada de matas, exploração de trabalhadores, conflitos políticos, grupos sociais e violência. Resultados e Discussão: Até onde temos conhecimento inexiste estudo histórico do Extremo Sul da Bahia com enfoque detalhado nos processos de organização da produção econômica e do processo de trabalho do extrativismo madeireiro e da pecuária bovina, bem como da organização territorial das populações locais. Nesse sentido, nossa pesquisa visa contribuir para as investigações que tratam da produção econômica, da reorganização social e dos impactos ambientais que estão na gênese da formação social do Extremo Sul baiano. Da perspectiva espacial, constatamos que por volta de meados do século XX acorreram para o território do futuro Extremo Sul baiano pessoas provenientes do Norte do Espírito Santo, Nordeste de Minas Gerais e Sul e Sudoeste da Bahia, em busca de emprego e riqueza. Em poucas décadas houve importantes mudanças geográficas, a exemplo do acelerado adensamento humano regional. Na porção setentrional a região apartou-se do Sul da Bahia, em razão dos limites próprios à expansão da fronteira cacaueira; na porção meridional permanece a configuração dada historicamente com o estabelecimento, desde a República, das fronteiras entre os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Em termos históricos, entre o final dos anos 1940 e o início da década de 1970, em razão do avanço crescente extrativismo madeireiro sistemático e, cada vez mais, da pecuária extensiva, ocorreu intensa exploração dos trabalhadores, acompanhada de incessante devastação ambiental e perseguição aos povos originários (indígenas, quilombolas e posseiros). Delineado espacialmente, mesmo antes de ser oficialmente reconhecido pelo poder público baiano como região autônoma, o Extremo Sul forjou-se, economicamente, pela exploração predatória de matas e solos, e socialmente, por deslocamentos populacionais oriundos de diferentes estados da federação e do interior da própria Bahia. Conclusões: Mais do que por meio de políticas estaduais de divisão territorial, o impulso mercantil regional, iniciado com o extrativismo madeireiro predatório e sistemático, em área de Mata Atlântica ainda bastante preservada por volta de meados do século XX, e mal observada pela administração pública, gerou novos espaços de ocupação e experiência humana. Nos anos finais da década de 1940, com a chegada das primeiras grandes empresas madeireiras, até a conclusão do trecho regional da rodovia federal BR 101, período em que se abre outra etapa de desenvolvimento regional, temos a constituição histórica do que viria a ser no futuro a região do Extremo Sul da Bahia. A partir de 2010, o Extremo Sul passa a condição de Território de Identidade, unidade geográfica que articula ambiente, sociedade, economia e sociedade. A formação territorial e social do Extremo Sul da Bahia gerou um modelo de desenvolvimento regional socialmente excludente, ambientalmente devastador e economicamente desigual. Referências bibliográficas ALBURQUERQUE, J. Retrato histórico de Nova Viçosa-Bahia. Nova Viçosa-Ba: Suprema Gráfica e Editora, 2006. BAHIA. Lei n0 140, de 22 de dezembro de 1948. Dispõe sobre a divisão regional do Estado da Bahia. Palácio do Governo do Estado da Bahia, 1948. 70ª Reunião Anual da SBPC - 22 a 28 de julho de 2018 - UFAL - Maceió / AL 3 _______. Lei n0 2.321, de 11 de abril de 1966. Dispõe sobre a organização da administração estadual, estabelece diretrizes para a reforma administrativa e dá outras providências. Palácio do Governo do Estado da Bahia, 1966. BLATT, N.; GONDIM, P. Territórios de Identidade no Estado da Bahia: uma análise da regionalização implantada pela estrutura governamental na perspectiva do desenvolvimento local e regional. Tempos, espaços e representações. Vitória da Conquista: UESB, out. 2013. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Divisão do Brasil em micro-regiões homogêneas: 1968. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1970. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Divisão do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1990. CARDOSO, C. F. S. O trabalho na Colônia. In: LINHARES, M. Y. (Org.). História geral do Brasil. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000. CERQUEIRA-NETO, S. Contribuição ao estudo geográfico do município de Nanuque-MG. 2001. 104 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG, 2001. _______. Do isolamento regional à Globalização: contradições sobre o desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia. 2009. 339 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Sergipe, São Cristivão-SE, 2009. _______. O Extremo Sul da Bahia que não pertence a Bahia: da fragmentação estadual à busca de uma identidade regional. Caminhos da Geografia: revista on line, v. 13, n. 41, p. 307-319, 2011. Disponível em: . Acesso em: 29 dez. 2017. _______. Três décadas de eucalipto no Extremo Sul da Bahia. GEOUSP: Espaço e Tempo, São Paulo, n. 31, p. 55-68, 2012. _______. Construção geográfica do Extremo Sul da Bahia. Revista de Geografia (UFPE), Recife, v. 30, n. 1, p. 246-263, 2013. Disponível em: . Acesso em 29 dez. 2017. FERREIRA, S. A vida privada de negros pioneiros no povoamento de Teixeira de Freitas na década de 1960. 2010. 109 f. Monografia (Graduação em Licenciatura em História) – Universidade do Estado da Bahia, Teixeira de Freitas-Ba, 2010. FONTANA, J. História: análise do passado e projeto social. Bauru: Edusc, 1998. GARCEZ, A.; GUERREIRO, A. Diagnóstico socioeconômico da região cacaueira: história econômica e social. Rio de Janeiro: CEPLAC, 1975. vol. 8. HOBSBAWM, E. O que a história tem a dizer-nos sobre a sociedade contemporânea? In: _______. Sobre História. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. HOOIJ, F. E. Os “desbravadores” do Extremo Sul da Bahia: história da presença franciscana nessa região – raízes e frutos. Belo Horizonte: Província Santa Cruz, 2011. KOOPMANS, J. Além do eucalipto: o papel do Extremo Sul. 2 ed. Teixeira de Freitas-Ba: DDH/CEPEDES, 2005. LÖWY, M. O que é ecossocialismo? 2 ed. São Paulo: Cortez, 2014. MACHADO, G. Tendências e contradições na formação regional do Extremo Sul da Bahia entre 1950 e 2000. 2000. 156 f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Federal da Bahia, Salvador–Ba, 2000. MAGALHÃES, C. et al. Território do Extremo Sul da Ba: avanços e limites para um desenvolvimento com coesão social. In: XVI ENANPUR - ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, 16., 2015. Anais... Belo Horizonte: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, 2015, p. 1-17. MARX, K. O capital. São Paulo: Boitempo, 2013. vol. 1. OLIVEIRA-JR, A. Ocupação e desenvolvimento do espaço urbano teixeirense (1950- 1970). 2014. 56 f. Monografia (Graduação em Licenciatura em História) – Universidade do Estado da Bahia, Teixeira de Freitas-Ba, 2014. RALILE, B. Relatos históricos de Caravelas: Desde o século XVI. Fundação Professor Benedito Ralile: Caravelas-Ba, 2006. SOUZA, É. Políticas territoriais do estado da Bahia: regionalização e planejamento. 2008. 158 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal da Bahia, Salvador-Ba, 2008. 


maio/2015


2014
A diretoria da Fundação Ralile recebeu em sua sede os profissionais da produção de documentários da TV ESPN Brasil para busca de informações culturais e depoimentos históricos para o Projeto Caravana do Esporte e da Música em Caravelas. 

Ficamos gratos em servi-los.

QUEM NOS VISITOU:
Turistas de Minas Gerais
 Sr. Manoel Bernardino de Almeida (Telegrafista aposentado da E.F.B.M)
 Sr. Manoel Bernardino de Almeida encanta-se com a Fundação Ralile

 
Turistas de Minas Gerais
Turistas do Rio de Janeiro
Turistas e Estudantes
Turistas de Belo Horizonte
Padre João Carlos (Joca). Nosso parceiro
Turistas Minas Gerais
Turistas de Minas Gerais
Diretora da Equipe de Produção de Documentário do Canal TV ESPN Brasil
Equipe de Produção de Documentário do Canal TV ESPN Brasil
Equipe de Produção de Documentário do Canal TV ESPN Brasil
   
Diretora da Equipe de Produção de Documentário do Canal TV ESPN Brasil
recebe da Fundação Ralile livro da História de Caravelas


Fundação Professor Ralile
é tema de Monografia de Universitário do Extremo Sul

"empresa com responsabilidade social e sustentável"

por: Fundação Ralile

Não é a primeira vez que projetos e documentários históricos da Fundação Ralile servem de referência e apoio para trabalhos acadêmicos, agora com muito mais oferta de serviços através do Ponto de Leitura e Ponto de Cultura. No início do século XXI servimos alunos da UNEB/Eunápolis (Turismo) com vídeos, livros e amostragem de fotografias históricas do município de Caravelas. Vários outros segmentos educativos também foram beneficiados, nos honraram, utilizando-se do vasto material que retratam os costumes e cultura da região, além da visitação a nossa sede e do uso constante de informações de nosso site. Desta vez, utilizando-se e observando o "Projeto Aprendendo com a Mídia - Criando Rotas para o Futuro" patrocinado pelo Instituto Votorantim e FÌBRIA Celulose S/A, foi despertado o interesse do universitário Egno Said Barbosa aluno da Universidade Norte do Paraná (Teixeira de Freitas-Bahia) o qual apresentou sua monografia como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Responsabilidade Social Sustentável (Projetos) cujo Orientador é o  ilustre Prof. Thiago Nunes Bazoli. Em seu argumento diz o acadêmico Egno Said: "...a responsabilidade social como um conjunto de valores não incorpora apenas conceitos éticos, mas uma série de outros conceitos que lhe proporciona sustentabilidade, como por exemplo, autoestima dos funcionários, desenvolvimento social e outros.
O vídeo é um instrumento para divulgar produtos, serviços, a boa imagem de instituições e de empresas. Quando usado internamente, serve para a formação continuada de recursos humanos. O público específico a que se destina, nesse caso, fica mais restrito a estudantes, professores, usuários potenciais e à comunidade". 

A Diretoria da Fundação Professor Ralile agradece ao jovem estudante Egno Said Barbosa pela Obra desenvolvida e pela dedicação.  

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